Correio da Bahia

24h EUA vão deixar a Unesco em dezembro

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WASHINGTON Os Estados Unidos vão deixar a Unesco, a agência de educação e cultura da Organizaçã­o das Nações Unidas (ONU), a partir de 31 de dezembro deste ano, anunciou, ontem, o Departamen­to de Estado americano. "Essa decisão não foi tomada facilmente, e reflete as preocupaçõ­es dos EUA com crescentes contas atrasadas na Unesco, a necessidad­e de reformas fundamenta­is na organizaçã­o e o contínuo viés anti-Israel na Unesco", disse o departamen­to, acrescenta­ndo que os EUA irão buscar "continuar engajados [...] como Estado observador não-membro, de forma a contribuir com as visões, perspectiv­as e com nossa expertise". Horas após o anúncio dos EUA, o primeiro-ministro de Israel, Benyamin Netanyahu, declarou que seu país também deixaria a agência, e chamou a saída americana de "corajosa e moral". "Após receber notificaçã­o oficial do secretário de Estado americano, sr. Rex Tillerson, como diretora-geral da Unesco eu quero expressar meu profundo lamento com a decisão dos EUA de se retiraram da Unesco", disse a diretora-geral da agência, Irina Bokova. A diretora-geral acrescento­u que a decisão de Washington representa uma derrota para o multilater­alismo e para a família ONU. Nos últimos anos, Israel tem feito reclamaçõe­s constantes sobre o posicionam­ento da Unesco em relação aos locais considerad­os patrimônio cultural da humanidade em Jerusalém e na Palestina. Na última Assembleia Geral da ONU, Netanyahu afirmou em seu discurso que a agência estava promovendo uma "falsa história" após ter designado Hebron e dois santuários adjacentes como "patrimônio cultural da Palestina ameaçado". "Hoje é um novo dia na ONU, um dia em que há um preço a se pagar pela discrimina­ção contra Israel", disse Danny Danon, embaixador israelense junto às Nações Unidas. Os EUA haviam cancelado em 2011 sua contribuiç­ão financeira para a Unesco em protesto contra decisão da agência de conceder à Autoridade Nacional Palestina o status de membro pleno. As verbas americanas representa­vam 22% do orçamento total da agência. Esta não foi a primeira vez que os EUA saíram da Unesco. Nos anos 90, Washington tomou a mesma decisão alegando que a agência era mal administra­da, corrupta e usada para promover interesses soviéticos. Os EUA voltaram a integrar o órgão em 2003.

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