Organização denuncia violência da polícia espanhola
ESPANHA A organização Human Rights Watch acusou o governo espanhol, ontem, de uso excessivo da força para impedir o plebiscito separatista catalão de 1º de outubro. Quase 900 ficaram feridos, segundo Barcelona. A investigação do grupo humanitário incluiu entrevistas com testemunhas e análise de evidências em vídeos, fotografias e prontuários médicos em três cidades catalãs: Girona, Aiguaviva e Fonollosa. A acusação é direcionada a duas forças policiais espanholas, a Polícia Nacional e a Guarda Civil. Não há menções à policia regional catalã, osMossos d'Esquadra. A Polícia Nacional é a força espanhola que atua em todo o território. A Guarda Civil, por sua vez, está ligada ao Ministério da Defesa e tem atribuições militares. "A polícia pode até ter tido a lei a seu lado, para cumprir ordens judiciais, mas isso não lhe dava o direito de usar a violência contra manifestantes pacíficos", afirmou o investigador Kartik Raj, da Human Rights Watch. O plebiscito de 1º de outubro foi considerado ilegal pelo Tribunal Constitucional. O governo espanhol tampouco reconhece o resultado, em que 90% dos eleitores votaram no "sim" —apesar de só 43% do eleitorado ter participado dessa consulta. O relatório da Human Rights Watch coincidiu com o feriado de 12 de outubro, em que espanhóis celebram sua festa nacional. A edição deste ano foi realizada em meio à crise catalã —com multidões de eleitores dizendo não se sentir espanhóis. O rei Felipe 6º participou de um desfile, no qual esteve presente também o premiê conservador, Mariano Rajoy. O presidente catalão, Carles Puigdemont, não estava ali. Puigdemont declarou a separação da Catalunha no último dia 10. Em seguida, pediu que a proclamação fosse temporariamente suspensa durante o diálogo com Madri. A manobra confundiu todo o país, no qual não ficou claro se os catalães estavam se separando ou não. Nesse sentido, o premiê Rajoy pediu formalmente que Puigdemont esclareça se houve de fato uma secessão. O prazo para a resposta é a próxima segunda-feira (16). Se o presidente catalão confirmar a separação, ele terá até a quinta-feira (19) para voltar atrás no gesto. Caso a Catalunha persista em sua declaração de independência, Madri planeja levar adiante o chamado Artigo 155, que prevê a suspensão temporária da autonomia catalã e a convocação de eleições antecipadas.