Orçamento no limite
A economia brasileira já mostra sinais de recuperação. O governo federal inclusive, já prevê um crescimento de 3% para o ano que vem. Mas enquanto estes sinais não se consolidam na vida das pessoas, os brasileiros ainda ajustam as contas para chegar sem dívidas em 2018. Os mais prevenidos avançam os passos e já começam a formatar o orçamento do ano que vem. A pergunta que têm em mente é se devem ou não ser tão otimistas quanto o governo. E, com os cinto já apertados, onde ainda podem cortar.
Segundo o Indicador de Propensão ao Consumo, apurado pelo SPC Brasil e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), a maioria dos brasileiros segue cautelosa. O levantamento indica que seis em cada dez (59%) pretendem cortar gastos, 32% devem manter o mesmo o nível e apenas 5% pretendem aumentar. Os números se referem às expectativas para este mês de outubro. “As coisas estão melhorando, mas ainda não é hora de gastar tudo. Contratações voltam a acontecer, porém, os índices de desemprego permanecem altos e o imprevisto pode acontecer a qualquer hora", afirma a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
Para o economista Gustavo Casseb, as coisas só devem melhorar mesmo no ano que vem. “Este ano nós estamos falando de uma recuperação no Produto Interno Bruto (PIB) que não deve passar de 1%. Isso mostra o quanto a economia está estagnada. Os sinais de recuperação ainda são muito tímidos. O nível de renda ainda não se recuperou, assim como os setores mais empregadres, como a construção civil, a indústria e o comércio de bens e serviços. As incertezas são muito grandes”, diz.
Mais da metade dos consumidores ainda pretende cortar gastos
ESTABILIDADE?
Os efeitos da crise se destacam entre as justificativas para os que irão diminuir o consumo. Com base no levantamento, 23% mencionam os altos preços, 17% o desemprego e 8% a redução da renda. Além desses, 11% citam o endividamento e a situação financeira difícil e 9% citam a intenção de fazer reserva financeira.
A cautela fez com que o administrador Rodrigo Mariano começasse o quanto antes a definir para onde vai o dinheiro, com projeções para 2018. “Não adianta cortar os gastos e não poder tomar uma cerveja no final de semana ou deixar de comer o que gosta. Então a gente tenta adequar a realidade para poder diminuir os custos”. Algumas das alternativas utilizadas por ele são economizar água, apagar as luzes desnecessárias e negociar um desconto de 10% na escola da filha de 4 anos.
“Sei o quanto gasto de gasolina, de lazer ou com manutenção da casa. Agrupo tudo em macro contas e coloco em uma planilha. Tenho controle da casa e também o pessoal”,