Jornalista é morta e filho acusa governo
MALTA O filho da jornalista investigativa Daphne Caruana Galizia, 53 anos, morta anteontem, em Malta, na explosão de uma bomba em seu carro particular, acusou ontem o governo do primeiro-ministro Joseph Muscat de favorecer a “cultura de impunidade” no país. Matthew Caruana Galizia postou em seu perfil no Facebook uma carta aberta em que diz que as autoridades de Malta “são cúmplices e responsáveis. Minha mãe foi assassinada porque se interpunha entre o Estado de Direito e os que querem violá-lo, como muitos outros fortes jornalistas”, disse ele. Daphne investigava o escândalo dos Panama Papers, que envolvia políticos de Malta em um amplo esquema de corrupção. Ela e o filho eram membros do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), entidade que revelou o caso dos Panama Papers em 2016. Em seu texto na rede social, Matthew Caruana Galizia lembrou o momento em que encontrou o carro da mãe envolto em chamas. Segundo ele, a morte de Daphne não foi um acidente comum ou trágico. “Trágico é que alguém seja atropelado por um ônibus. Quando há sangue e fogo ao redor de você, é guerra. Somos um povo em guerra contra o Estado e o crime organizado”, denunciou. O filho da jornalista assassinada concluiu sua denúncia dirigindo-se diretamente ao primeiro-ministro, seu chefe de gabinete, Keith Schembri, ao ministro de Economia, Chris Cardona, e ao de Turismo, Konrad Mizzi. O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, manifestou pesar e indignação com a morte de Daphne em sua conta no Twitter. Ele também ofereceu uma recompensa de 20 mil euros por informações que ajudem a condenar os responsáveis pela morte da jornalista investigativa. Já a Comissão Europeia afirmou, também ontem, estar “horrorizada” com o assassinato de Daphne. Em comunicado, a comissão disse que ela era “uma jornalista conhecida e respeitada, que perdeu a vida no que parece ter sido um ataque direto”.