Aécio tenta se manter na presidência do PSDB
PRESSÃO O senador Aécio Neves (PSDB-MG), atualmente licenciado da presidência do partido, fez um apelo, ontem, para permanecer no comando da legenda até dezembro, quando os tucanos farão convenção para eleger a nova Executiva Nacional, incluindo o cargo de presidente. Aécio apelou pela permanência ao também senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), presidente interino do partido. Eles tiveram uma conversa reservada, anteontem, no gabinete de Aécio, que ficou irritado com a declaração pública de Jereissati instando-o a abandonar o posto. No encontro de ontem, Aécio se recusou a renunciar e argumentou que o gesto soaria como uma confissão de culpa das acusações criminais de que se defende. “Aécio acha que é um ponto importante para ele ficar na presidência até a convenção de dezembro. Ele alega que a renúncia definitiva seria quase uma confissão de culpa. Mas garantiu que não pretende exercer nenhum tipo de atividade partidária, que vai para Minas trabalhar full time em dois pontos: sua defesa e reanimar sua base. Se ele não retoma sua base, seu futuro está em jogo”, disse Tasso, após a conversa. Enquanto isso, o próprio Tasso se movimenta nos bastidores para permanecer na presidência nacional do PSDB. Ele tem apoio dos chamados deputados “cabeças-pretas”, ala mais jovem do partido, e consolidou sua liderança nesse grupo, que rejeita o governo Michel Temer (PMDB). Aécio, por sua vez, representa o governismo tucano - o partido indicou quatro ministros de Temer - e luta para manter algum prestígio e poder de influência nos rumos do PSDB. Ele interpreta que ficar como presidente licenciado, sem ser alvo de processo disciplinar interno, lhe confere força política para se defender. Aécio vem sendo pressionado pela atual cúpula do PSDB e por uma ala dos deputados tucanos a renunciar ao comando do partido de vez. Ele foi enquadrado mesmo depois de ter reassumido, na semana passada, o mandato parlamentar com apoio de 44 senadores, inclusive a bancada tucana. Na ocasião, o Senado derrubou as restrições impostas pelo Supremo Tribunal Federal - a suspensão do mandato e o recolhimento domiciliar noturno.