Correio da Bahia

Liberado

- Bruno.queiroz@redebahia.com.br

Quando Paulo Cézar Carpegiani foi anunciado como substituto de Preto Casagrande no Bahia, um jogador em especial viu ali uma grande oportunida­de. “Sim, lembrei mais do Chilavert. Então, de uma forma ou de outra, isso me motivou mais para que eu treinasse e cobrasse mais faltas. Por ele já ter trabalhado com goleiros que já cobraram faltas e pênaltis, me motivou a buscar o meu espaço”, admite Jean.

O goleiro tricolor se refere ao fato de Carpegiani ter sido treinador de Chilavert quando comandou a seleção paraguaia, de 1996 a 1998, inclusive na Copa do Mundo da França. Jean não se lembrava tanto que o novo comandante também havia trabalhado com Rogério Ceni, no São Paulo.

“Eles são bem distintos. Tinham categoria e técnica de bater falta, mas eram bem distintos. Chilavert usava muito, ao fazer a barreira, os próprios companheir­os do lado e ali que ele batia. Já Rogério era um jogador que batia mais por cima. Mais colocado, mais técnico. Então a quantidade de gols, não sei quanto tempo cada um jogou, mas deve ter sido em maior número o Rogério”, explicou Carpegiani.

E ele está certo. O ídolo são-paulino é o maior goleiro-artilheiro da história do futebol mundial com 132 gols marcados, mais que o dobro do paraguaio, que balançou as redes 62 vezes, sendo nove pela seleção. Rogério nunca marcou atuando pelo Brasil.

Para Carpegiani, o goleiro do Bahia tem um pouco das caracterís­ticas dos dois. “Jean já é um estilo um pouco mais forte, acho que tem todas as condições. Não chegaria ao exagero de dizer que é uma unificação dos dois. Mas ele tem uma qualidade para bater por cima da barreira impression­ante e o pênalti dele também é perfeito, é forte. Não é aquele pênalti colocado que o goleiro arrisca e pega. Além de colocado é certeiro”, elogiou.

Carpegiani, inclusive, participou de um episódio importante na trajetória do maior goleiro-artilheiro do mundo. “Quando cheguei no São Paulo a primeira vez, foi depois da Copa de 2010, Mário Sérgio tinha vetado Rogério Ceni. Vieram me perguntar exatamente sobre essa condição, e eu disse que comigo, tendo técnica, personalid­ade, vai bater. Expliquei para ele e ele continuou sua carreira batendo falta. Se tem qualidade, acho que sempre tem que tirar proveito”, relembra o técnico.

INÉDITO NO BAHIA

Já com os títulos de campeão baiano e da Copa do Nordeste aos 22 anos, completado­s hoje, Jean entrará de vez na história do clube caso faça gol com a camisa tricolor. Até hoje, nenhum goleiro conseguiu tal feito atuando no Bahia.

Márcio, formado na base, e Tiago, que passou pelo Fazendão em 2011 após ter atuado no Vasco e na Portuguesa, fizeram gols de falta e pênalti, mas por outras equipes. Márcio, inclusive, é o sexto maior goleiro-artilheiro com 39 gols anotados. Tiago fez 18 até então. Ambos ainda estão em atividade.

Até então, Jean não teve oportunida­de de cobrar pênalti ou falta. O aniversari­ante do dia espera ansioso por esse presente. “Estou trabalhand­o pra isso, para este ano quem sabe fazer meu primeiro gol, seja de falta ou pênalti, e começar minha trajetória como cobrador”.

Se depender do treinador, a chance pode aparecer em breve. “Vejo grande chance do Jean, comigo, ter essa possibilid­ade. Se treinar, continuar treinando e der oportunida­de para ele, realmente tem condições de qualificar mais o time nessas condições. Os próprios companheir­os têm que sentir porque ele treina e bate muito bem. É questão de bater o primeiro, se sentir à vontade, ter a felicidade de começar a fazer gols e aí seguir”, comenta Carpegiani.

 ??  ?? Jean treina pênaltis e faltas com frequência no Fazendão
Jean treina pênaltis e faltas com frequência no Fazendão

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil