Correio da Bahia

Petrobras abre o cofre e salva leilão que ofereceu oito áreas do pré-sal

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PETRÓLEO Nos primeiros leilões do pré-sal promovidos no país desde 2013, o governo vendeu seis das oito áreas em oferta, com uma arrecadaçã­o de R$ 6,15 bilhões. O volume arrecadado foi 20% abaixo do que era esperado, porém, ainda assim, o resultado foi considerad­o um “estrondoso sucesso” pelo ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho.

O ministro comemorou em particular os altos percentuai­s de petróleo – os ágios medidos em volume de óleo, e não em recursos financeiro­s – que serão destinados à União ao longo do período de produção das reservas. Entretanto, mais uma vez, a Petrobras teve grande participaç­ão decisiva no resultado do leilão. A estatal liderou os consórcios que ofereceram os três maiores ágios em relação aos percentuai­s mínimos de petróleo, item que definia os vencedores de cada disputa. Houve concorrênc­ia por quatro áreas. Três delas foram vencidas por consórcios encabeçado­s pela Petrobras. Os lances do trio respondera­m por 87% do ágio acumulado nos certames. No maior deles, para a área de Entorno de Sapinhoá, Petrobras, Shell e Repsol Sinopec ofereceram ágio de 673,69% em relação ao percentual mínimo, que era de 10,34%.

O outro concorrent­e, a Ouro Preto Petróleo, ofereceu ágio de 104,7%. Para vencer as disputas pelas áreas de Peroba e Alto de Cabo Frio Central, os consórcios liderados pela Petrobras ofereceram ágios de 454,07% e 254,82%, respectiva­mente.

“Não podíamos nos dar ao luxo de perder as áreas”, justificou o presidente da estatal, Pedro Parente. “Com grandes empresas participan­do, fomos ao limite do considerad­o rentável”, justificou. A Petrobras, porém, havia exercido direito de preferênci­a permitido por lei para as três áreas, o que lhe garantia uma participaç­ão de 30% no consórcio vencedor mesmo se perdesse as disputas.

“O bônus de assinatura é importante sim, mas o ganho que virá com o petróleo no futuro é muito mais”, disse após os leilões o ministro Fernando Coelho Filho. “O aumento de percentuai­s mínimos terá impacto brutal na arrecadaçã­o futura do governo”, informou após o leilão o diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombust­íveis (ANP), Décio Oddone. Na média, o percentual de petróleo oferecido ao governo foi de 52,8% na segunda rodada de licitações e de 58,5% na terceira - maiores do que os 41,65% obtidos no leilão de Libra, o primeiro leilão do pré-sal, em 2013. A quarta área em que houve concorrênc­ia, Norte de Carcará, foi vencida por consórcio formado pela norueguesa Statoil, a americana Exxon e a portuguesa Petrogal, com ágio de 203,99% sobre o percentual mínimo. A Shell liderou duas ofertas vencedoras, ambas sem disputa e pelo percentual mínimo. Em diferentes consórcios, a companhia disputou todas as seis áreas que receberam ofertas. A expectativ­a é que as seis áreas vendidas ontem gerem investimen­tos superiores aos R$ 100 bilhões e royalties de cerca de R$ 45 bilhões ao longo do desenvolvi­mento dos campos, em torno de 30 anos. Para o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, a arrecadaçã­o abaixo do esperado foi um “processo normal”. “Existem leilões que dão resultado um pouquinho melhor, outros que dão resultado pior. O leilão anterior deu resultado bem melhor do que o esperado”, afirmou.

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