Correio da Bahia

Revisitada

- Hagamenon Brito hagamenon.brito@redebahia.com.br

Romance ousado e de narrativa exuberante de Jorge Amado (1912-2001), Dona Flor e seus Dois Maridos (1966) ganha a sua segunda adaptação para o cinema brasileiro pelas mãos do diretor carioca Pedro Vasconcelo­s e com os atores Juliana Paes, Marcelo Faria e Leandro Hassum interpreta­ndo os protagonis­tas Flor, Vadinho e Teodoro, respectiva­mente.

A primeira versão, dirigida em 1976 por Bruno Barreto e estrelada por Sonia Braga, José Wilker (1944-2014) e Mauro Mendonça, levou mais de 10 milhões de pessoas aos cinemas e entrou para a lista da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) dos 100 melhores filmes brasileiro­s de todos os tempos.

Com estreia quinta-feira em Salvador, Recife e Fortaleza (e dia 23 de novembro no restante do país), a versão 2017 de Dona Flor e seus Dois Maridos não quer ser muito comparada à produção de 1976, por mais que comparaçõe­s naturalmen­te aconteçam em casos assim.

“Apesar de ser uma releitura, o filme é uma oportunida­de para que as novas gerações, que não assistiram o filme de 1976, possam ver essa obra tão bonita de Jorge Amado no cinema, incluindo pessoas que talvez nem conheçam as histórias do escritor”, explica Marcelo Faria, 45.

“Exatamente. E tampouco temos a ambição de atingir um público de 10 milhões de espectador­es (risos). É uma nova leitura com roteiro baseado no próprio livro”, completa Pedro Vasconcelo­s, 43, coprodutor do longa-metragem ao lado de Marcelo Faria.

Os dois amigos já se movem no universo de Dona Flor e seus Dois Maridos desde 2007, quando estrearam o espetáculo teatral homônimo. A peça percorreu o país durante cinco anos, levou mais de 600 mil pessoas às salas de teatro e ganhou prêmios.

O fato de encarnar o safadinho Vadinho por cinco anos no palco deixou Marcelo Faria à vontade nas cenas de nudez (inclusive, nu frontal) do personagem: “Passo a maior parte do filme pelado, mas ficar pelado no teatro é mais complicado. Então, ficar nu no filme, mesmo na cena do Pelourinho, que foi feita de manhã bem cedinho, não foi problema”, conta.

O TEMPERO DE JULIANA

Dona Flor é uma grande personagem feminina. Professora de culinária na Salvador dos anos 1940, ela tem a chance de viver duas faces do amor em seus casamentos. Com o malandro Vadinho, a face avassalado­ra, do erotismo, do ciúme. Com o careta farmacêuti­co Teodoro, com quem se casa após a morte de Vadinho, ela encontra a paz doméstica, a segurança material, o amor metódico.

Um dia, porém, Vadinho volta sob a forma de um fantasma capaz de devolver a Flor o prazer sexual na cama. E, entre o santinho e o capeta, a protagonis­ta tenta conviver com seus dois maridos.

A Florípedes Paiva que deu projeção internacio­nal a Sonia Braga agora é vivida pela igualmente bonita e sensual Juliana Paes, 38, recém-saída da pele de Bibi Perigosa, personagem mais popular da novela de sucesso A Força do Querer (Rede Globo), de Gloria Perez.

“Para fazer a Dona Flor, eu me baseei apenas no livro, seguindo o que o Pedrinho (diretor) me pediu, que eu criasse a minha própria Flor. Me sinto lisonjeada em fazer Jorge Amado. As histórias dele têm um tempero especial e mais ainda no caso de Dona Flor, porque ela cozinha muito bem (risos)”, afirma a atriz fluminense, que também foi dirigida em A Força do Querer por Pedro Vasconcelo­s. “Ele proibiu que a gente buscasse referência­s no primeiro filme ou na minissérie”.

Com Juliana Paes, Leandro Hassum e Marcelo Faria, filme estreia dia 2

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Dona Flor (Juliana Paes) entre os seus dois maridos, Teodoro (Leandro Hassum) e o fantasma Vadinho (Marcelo Faria): nova versão do romance do baiano imortal Jorge Amado

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