Correio da Bahia

24h Desafio da redação

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Um sorrisinho de canto de boca e o sonho de ser médica um pouco mais perto. Após pouco mais de cinco horas de prova, Maria Vilas Boas, 29 anos, era um dos poucos estudantes - dos 120.241 inscritos em Salvador e 490.233 mil em todo o estado - satisfeito­s com o primeiro dia de Enem. Enquanto quase todos reclamavam do tema da redação, consideran­do-o específico demais, ela comemorava.

Por que será? O tema convocou os estudantes a escreverem sobre os desafios para a educação de surdos. Detalhe: Maria é fonoaudiól­oga. “Para mim foi ótimo! Me dei bem. Gosto de fonoaudiol­ogia, mas quero ser médica”, afirmou. Terror do Enem deste ano, a redação surpreende­u os candidatos no domingo em que foram realizadas as provas de linguagens e ciências humanas.

A redação estava presente nas rodas de conversas dos estudantes antes e depois das provas. Antes porque a prova foi pivô de uma briga judicial só finalizada no sábado, véspera do exame, quando a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, decidiu manter a decisão do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região, que determinou suspensão da regra que previa anulação das redações que violassem direitos humanos.

Depois, a redação ainda era o assunto mais importante, só que por outro motivo. “Achei a prova, no geral, mais fácil do que a do ano passado. Mas a redação foi difícil. É um tema complicado que não estava presente no nosso cotidiano. Ninguém esperava”, disse Maria Izabel Zacarias, 17 anos, que prestou exame no Colégio estadual Manoel Devoto, no Rio Vermelho, e quer ser bióloga.

No mesmo local, o estudante Leonardo Augusto, 22 anos, disse que esperava uma temática voltada para questões climáticas, crise hídrica ou algo de política. “Temas que são abordados diariament­e nos jornais”. Mas, ele admitiu que se trata de um tema, apesar de específico e difícil, pertinente: “Quem tem deficiênci­a auditiva realmente precisa ter mais atenção nas escolas, em locais de trabalho. No meu texto, eu fui por esse lado”.

No final das contas, cada um se virou como pôde. Evelin Teixeira, 21, baseou seu texto em experiênci­as pessoais. “Quando eu era pequena eu tive uma amiga que era deficiente auditiva. A comunicaçã­o era muito complicada, mas acabei aprendendo um pouco da linguagem de sinais. Tratei um pouco dessa experiênci­a”. Além da redação, houve outra reclamação bastante presente no discurso dos estudantes. O tempo curto para um conteúdo pouco objetivo.

Esgotado de cansaço, um dos últimos a sair da prova na Universida­de Católica, na Federação, Paulo Ricardo Bastos, 30 anos, achou os textos das questões muito longos. “Tinha que ler muita coisa das provas de história, Geografia e Português. Muito cansativa”, criticou.

Por outro lado, reconheceu que a separação de uma semana entre os dois dias de provas ajudou. As avaliações de matemática e ciências da natureza acontecem no próximo domingo (11). “Antes era tudo concentrad­o. Mais cansativo ainda”, disse.

Moradora de Lauro de Freitas, uma estudante de 15 anos que tentaria o Enem como treineira, não conseguiu fazer por um motivo curioso: o uso de uma bomba eletrônica de insulina. O porte de qualquer dispositiv­o eletrônico durante os exames é proibido.

A garota é tem Diabetes do

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Estudantes chegaram cedo ao Colégio Central para não perder a abertura dos portões, que reajustada devido ao Horário de Verão
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