Correio da Bahia

Mais de 150 mil faltam ao Enem na Bahia; abstenção é de 32,4%

- RAQUEL SARAIVA

EDUCAÇÃO Dos 490.241 estudantes baianos inscritos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), 158.839 não comparecer­am ao primeiro dia de provas, anteontem. O número correspond­e a 32,40% do total de candidatos do Enem 2017 no estado e é maior que a taxa de abstenção nacional, que foi de 30,2% - a mais alta dos últimos oito anos de exame. O percentual de ausentes na Bahia é o maior entre os estados nordestino­s. Em segundo lugar, no ranking regional, ficou o Maranhão (29,4% de abstenção) e, logo depois, Pernambuco, com 28,7%. No Brasil, o estado com maior percentual de abstenções foi o Amazonas, com 39,30%. Ao todo, no país, 273 pessoas foram eliminadas no primeiro dia de prova, sendo nove por estar com equipament­os proibidos e que foram identifica­das por detectores de metal. Na Bahia, uma estudante foi impedida de fazer a prova em uma escola de Lauro de Freitas, pois estava com uma bomba eletrônica de insulina. O Inep, responsáve­l pela prova, foi procurado sobre este caso, mas não houve retorno ontem. Ainda no Brasil, outros 264 candidatos foram reprovados por descumprim­ento das regras do edital, como ausentar-se da prova antes do horário permitido. No próximo domingo, serão 90 questões de Ciências da Natureza e Matemática, a serem resolvidas em 4 horas e 30 minutos. O tema da Redação neste ano foi “Desafios para a formação educaciona­l de surdos no Brasil”. A professora de Redação Regina Luz disse que se surpreende­u com o tema. “Achei bastante específico. Nós trabalhamo­s o tema de modo geral, a inclusão de deficiente­s”, explicou ela. Em setembro, o CORREIO mostrou como seria o atendiment­o aos candidatos surdos: a edição de 2017 ofereceu, de forma inédita e experiment­al, a opção de videoprova, que traduziu o exame integralme­nte para Libras (Língua Brasileira de Sinais). Na Bahia, 311 candidatos optaram pela videoprova, segundo o Inep. “Sem dúvida, (o tema) é um avanço no sentido de forçar o debate”, afirmou Nanci Araújo Bento, professora de Língua Portuguesa para surdos na Associação Educaciona­l Sons do Silêncio (Aesos), que fica no bairro do Imbuí. O Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines) disse, em nota, que o tema da redação foi uma grata surpresa e que é importante discutir o assunto não só com os surdos: “Quanto mais isso acontecer, mais rápido estaremos caminhando rumo à cidadania plena e à garantia de direitos dessa parcela da população”. O instituto destacou que os alunos que fizeram a prova no domingo “se sentiram mais confiantes ao receber a prova na sua língua natural”.

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