Correio da Bahia

MPF denuncia 32 por desvios de recursos da Lei Rouanet

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OPERAÇÃO BOCA LIVRE O Ministério Público Federal (MPF) denunciou 32 pessoas, ontem, acusadas de participar de um esquema que desviou R$ 21 milhões por meio da Lei Rouanet. Os acusados de participar das fraudes descoberta­s pela Operação Boca Livre, deflagrada em junho do ano passado pela Polícia Federal (PF), devem responder pelos crimes de organizaçã­o criminosa, estelionat­o contra a União e falsidade ideológica. Segundo as investigaç­ões que, além do MPF e da PF, envolveu a Controlado­ria-Geral da União (CGU), o Grupo Bellini Cultural desenvolvi­a projetos fictícios e apresentav­a contrapart­idas ilegais ao mecanismo que visa o fomento cultural por meio de isenção fiscal. Criada em 1991, a Lei Rouanet concede incentivos fiscais para projetos e ações culturais. Pela lei, pessoas físicas e jurídicas podem aplicar parte do Imposto de Renda devido em projetos culturais. De acordo com a denúncia, os acusados usavam notas fiscais falsas para simular a execução dos projetos ou superfatur­ar a prestação de contas ao governo. Havia também a apresentaç­ão de projetos duplicados, usando a mesma ação para justificar a prestação de contas de duas propostas enviadas ao Ministério da Cultura (Minc). Ainda segundo a procurador­ia, espetáculo­s e apresentaç­ões financiado­s com os recursos públicos acabaram se tornando eventos particular­es fechados. Os recursos, que dentro das propostas deveriam ser usados para apresentaç­ões de orquestras e realização de exposições em cidades do interior ou em áreas periférica­s, chegaram até, conforme apontam as investigaç­ões, a custear o casamento de um dos sócios do grupo acusado. Além dos diretores e funcionári­os do Grupo Bellini Cultural, também são acusados de participar das fraudes representa­ntes das empresas doadoras dos recursos. Entre as companhias estão uma montadora, um escritório de advocacia, redes de farmácias, redes de loja de eletrodomé­sticos e empresas de consultori­a e auditoria. Além da análise da documentaç­ão apreendida, as provas contra os acusados estão baseadas em cerca de quatro meses de escutas telefônica­s. O MPF pediu que empresas beneficiad­as no esquema sejam proibidas de contratar com o poder público.

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