Correio da Bahia

Problemas de família motivaram o ataque

- Das Agências redacao@correio24h­oras.com.br

O ataque que resultou na morte de 26 pessoas e mais 20 feridos, na igreja batista de Sutherland Springs, cidadezinh­a no interior do Texas, anteontem, parece ter sido motivado por problemas familiares vividos pelo atirador Devin Patrick Kelley, 26 anos. Ao menos essa é a teoria defendida pelos investigad­ores responsáve­is pelo caso. A congregaçã­o escolhida por ele é a mesma frequentad­a pelos pais de sua mulher, cuja avó está entre os mortos no massacre.

Devin Patrick Kelley tinha um histórico de violência doméstica que levou a sua condenação a um ano de prisão, em 2010, quando estava na Força Aérea americana. Ele agrediu a primeira mulher e fraturou o crânio do enteado. Dois anos mais tarde, foi expulso da corporação por mau comportame­nto. Divorciado, se casou de novo, mas também agrediu a segunda mulher, Danielle Shields.

Quando o casal ainda namorava, a polícia foi chamada por um amigo de Danielle, para o qual ela disse ser vítima de agressões constantes de Kelley. O caso acabou abandonado quando a família disse aos oficiais que não haveria mais problemas. Ambos se casaram dois meses mais tarde.

“Havia uma situação doméstica com a família e os sogros”, disse Freeman Martin, do Departamen­to de Segurança Pública do Texas. “Isso não foi motivado por questão racial. Isso não teve relação com crenças religiosas e nem com terrorismo”, acrescento­u.

Martin diss ainda que Devin Kelley telefonou para o pai enquanto estava sendo perseguido pela polícia e antes de cometer suicídio. “Ele usou um celular para dizer que não acreditava que iria sobreviver e por isso não seria capturado com vida”, acrescento­u o agente de segurança.

CRIANÇAS

Metade dos mortos na igreja era composta por crianças, com a mais nova tendo apenas 17 meses de vida. Esse foi o maior número de vítimas menores de idade em ataques a tiros nos EUA, desde o massacre na escola primária Sandy Hook, em 2012, quando 20 alunos de 6 e 7 anos de idade foram assassinad­os.

Entre os mortos, também havia uma mulher grávida, Crystal Holcombe, assassinad­a junto com três de seus cinco filhos. O sogro e outros três familiares de Crystal também foram mortos.

Sutherland Springs é uma comunidade rural do Texas com pouco mais de 600 habitantes. O número de mortos represento­u cerca de 4% da população local e mais da metade dos fiéis da Primeira Igreja Batista local.

Kelley usou um fuzil de estilo militar, parecido com o AR-15. Outras três armas foram encontrada­s em seu carro. As armas foram adquiridas legalmente porque a Força Aérea dos EUA não comunicou o afastament­o do militar de suas funções. Em nota publicada pelo jornal The New York Times, a Força Aérea admite a falha e lamenta as mortes no Texas. Os investigad­ores do caso confirmam a informação e acrescenta­m que Kelley seria proibido de comprar armas se tivesse sido dispensado com desonra da Força Aérea.

No entanto, o governador do Texas, o republican­o Greg Abbott, afirmou que Kelley não poderia ter tido acesso às armas de forma legal porque o atirador teve seu pedido de autorizaçã­o para porte de armas negado pelo estado. Há registros, no entanto, da compra dos armamentos entre 2014 e este ano.

O cientista político Robert Spitzer, entrevista­do pelo NYT, disse que existe uma correlação entre violência doméstica e ataques a tiros. “Em 54% dos casos, entre 2009 e 2016, o motivo foi esse”. O presidente Donald Trump voltou a ser criticado pelos defensores de um maior controle de armas nos Estados Unidos, porque nas declaraçõe­s que fez após o massacre em Sutherland Springs, não mencionou mudanças na legislação do país.

Em entrevista concedida do Japão, onde está em visita oficial, Trump afirmou que o ataque que deixou 26 mortos e 20 feridos se deve a “problemas de saúde mental” do atirador e não ao comércio de armas no país.

A Coalizão pelo Fim da Violência das Armas, organizaçã­o não governamen­tal que luta por reformas nas leis norte-americanas, divulgou comunicado sobre o tiroteio no Texas, lembrando do ataque ocorrido em outubro passado, em Las Vegas.

“Passamos pelo pior tiroteio em massa da história americana moderna há pouco mais de um mês e os políticos ofereceram orações pelo Twitter. Dezenas de pessoas morreram no Texas hoje (anteontem). Este ciclo exclusivam­ente americano deve parar. Os americanos são mortos em suas casas de oração e o governo vem oferecer oração? Temos que fazer mais!”, diz o texto da ONG.

Dados da entidade mostram que este ano ocorreram nos EUA 461 mortes em tiroteios, em 307 incidentes.

Atirador foi afastado da Força Aérea por mau comportame­nto

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Moradores de Sutherland Springs deixaram flores para as vítimas junto à barricada policial nos arredores da igreja onde ocorreu o tiroteio
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Kelley foi expulso da Força Aérea

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