AGNELO SANTOS (PSD)
A Polícia Federal deflagrou, ontem, a Operação Fraternos para desarticular um esquema de prefeitos com relações de parentesco entre si, responsáveis por fraudar licitações nas prefeituras de Eunápolis, Santa Cruz Cabrália e Porto Seguro, todas no Extremo-Sul da Bahia. Os contratos fraudados somam aproximadamente R$ 200 milhões. Os prefeitos denunciados foram afastados do cargo e os vices vão assumir.
As investigações apontam que os prefeitos envolvidos Agnelo Santos, de Santa Cruz Cabrália; Robério Oliveira, de Eunápolis; e Cláudia Oliveira, de Porto Seguro, todos do PSD, - contratavam empresas que Santa Cruz Cabrália Ele está no primeiro governo. Segundo advogado, denúncia não tem relação com mandato. pertenciam ao mesmo grupo familiar, para fraudar licitações, simulando a competição entre elas. Robério Oliveira e Cláudia Oliveira são casados e Agnelo e Cláudia são irmãos.
Após a contratação, parte do dinheiro repassado pelas prefeituras era desviada, utilizando “contas de passagem” em nome de terceiros, para dificultar a identificação do destinatário final. Os valores arrecadados retornavam para membros da organização criminosa, inclusive através de repasses a empresa de um dos investigados. As empresas utilizadas também faziam lavagem de dinheiro.
DEPOIMENTO
Agnelo Santos se apresentou no final da tarde de ontem na Delegacia da Polícia Federal em Porto Seguro e depois do depoimento foi liberado. A PF espera que Cláudia Oliveira e Robério Oliveira se apresentem hoje para prestar os devidos esclarecimentos.
O procurador da prefeitura de Santa Cruz Cabrália, o advogado Loredano Aleixo, disse ao CORREIO que o caso não tem relação com a atual gestão da prefeitura, assumida por Agnelo Santos este ano. “O problema que vimos é que ele foi procurador de uma das empresas envolvidas, no ano de 2011”, acrescentou.
Loredano Aleixo disse ainda que está sem entender o motivo do afastamento do prefeito do cargo, “já que não tem nada a ver com a gestão dele, ao menos nos documentos do processo a que tive acesso. Ele nem deu depoimento, ficou de realizar isso depois que a defesa ler as acusações”, completou o advogado.
Procuradas pela reportagem, as prefeituras de Porto Seguro e Eunápolis não responderam até o fechamento desta edição.
Na operação, a maior da Bahia este ano, com a participação de 250 policiais federais, 25 auditores da CGU (Controladoria-Geral da União) e membros do MPF (Ministério Público Federal), foram cumpridos, nos estados da Bahia, São Paulo e Minas Gerais, 21 mandados de prisão temporária, 15 de condução coercitiva e 42 de busca e apreensão, expedidos pelo Tribunal Federal da 1ª Região, em Brasília.
LARANJA
O superintendente da Polícia Federal na Bahia, delegado Daniel Justo Madruga, informou que em um dos casos investigados foi observado que uma das empresas do esquema tinha como sócio um ex-funcionário de outra empresa do grupo criminoso, que teria investido R$ 500 mil na integralização do capital.
Porém, foi descoberto que a renda mensal do ex-funcionário era de apenas R$ 800 e que, possivelmente, ele teria sido utilizado como laranja no esquema de fraudes.
“Basicamente era um grupo de empresas interligadas entre si, formadas por parentes, por sócios, por pessoas que mantinham vínculos. Essas empresas simulavam licitações, mas na verdade não tinha concorrência, era um jogo de cartas marcadas”, detalhou Daniel Justo Madruga.
Ainda segundo o superintendente da PF, os policiais identificaram “ciranda da propina”, “na qual as empresas dos parentes revezavam as vitórias nas licitações para camuflar o esquema e, em muitos casos, chegavam ao extremo de repassar o total do valor