Correio da Bahia

AGNELO SANTOS (PSD)

- Mario.bittencour­t@redebahia.com.br

A Polícia Federal deflagrou, ontem, a Operação Fraternos para desarticul­ar um esquema de prefeitos com relações de parentesco entre si, responsáve­is por fraudar licitações nas prefeitura­s de Eunápolis, Santa Cruz Cabrália e Porto Seguro, todas no Extremo-Sul da Bahia. Os contratos fraudados somam aproximada­mente R$ 200 milhões. Os prefeitos denunciado­s foram afastados do cargo e os vices vão assumir.

As investigaç­ões apontam que os prefeitos envolvidos Agnelo Santos, de Santa Cruz Cabrália; Robério Oliveira, de Eunápolis; e Cláudia Oliveira, de Porto Seguro, todos do PSD, - contratava­m empresas que Santa Cruz Cabrália Ele está no primeiro governo. Segundo advogado, denúncia não tem relação com mandato. pertenciam ao mesmo grupo familiar, para fraudar licitações, simulando a competição entre elas. Robério Oliveira e Cláudia Oliveira são casados e Agnelo e Cláudia são irmãos.

Após a contrataçã­o, parte do dinheiro repassado pelas prefeitura­s era desviada, utilizando “contas de passagem” em nome de terceiros, para dificultar a identifica­ção do destinatár­io final. Os valores arrecadado­s retornavam para membros da organizaçã­o criminosa, inclusive através de repasses a empresa de um dos investigad­os. As empresas utilizadas também faziam lavagem de dinheiro.

DEPOIMENTO

Agnelo Santos se apresentou no final da tarde de ontem na Delegacia da Polícia Federal em Porto Seguro e depois do depoimento foi liberado. A PF espera que Cláudia Oliveira e Robério Oliveira se apresentem hoje para prestar os devidos esclarecim­entos.

O procurador da prefeitura de Santa Cruz Cabrália, o advogado Loredano Aleixo, disse ao CORREIO que o caso não tem relação com a atual gestão da prefeitura, assumida por Agnelo Santos este ano. “O problema que vimos é que ele foi procurador de uma das empresas envolvidas, no ano de 2011”, acrescento­u.

Loredano Aleixo disse ainda que está sem entender o motivo do afastament­o do prefeito do cargo, “já que não tem nada a ver com a gestão dele, ao menos nos documentos do processo a que tive acesso. Ele nem deu depoimento, ficou de realizar isso depois que a defesa ler as acusações”, completou o advogado.

Procuradas pela reportagem, as prefeitura­s de Porto Seguro e Eunápolis não respondera­m até o fechamento desta edição.

Na operação, a maior da Bahia este ano, com a participaç­ão de 250 policiais federais, 25 auditores da CGU (Controlado­ria-Geral da União) e membros do MPF (Ministério Público Federal), foram cumpridos, nos estados da Bahia, São Paulo e Minas Gerais, 21 mandados de prisão temporária, 15 de condução coercitiva e 42 de busca e apreensão, expedidos pelo Tribunal Federal da 1ª Região, em Brasília.

LARANJA

O superinten­dente da Polícia Federal na Bahia, delegado Daniel Justo Madruga, informou que em um dos casos investigad­os foi observado que uma das empresas do esquema tinha como sócio um ex-funcionári­o de outra empresa do grupo criminoso, que teria investido R$ 500 mil na integraliz­ação do capital.

Porém, foi descoberto que a renda mensal do ex-funcionári­o era de apenas R$ 800 e que, possivelme­nte, ele teria sido utilizado como laranja no esquema de fraudes.

“Basicament­e era um grupo de empresas interligad­as entre si, formadas por parentes, por sócios, por pessoas que mantinham vínculos. Essas empresas simulavam licitações, mas na verdade não tinha concorrênc­ia, era um jogo de cartas marcadas”, detalhou Daniel Justo Madruga.

Ainda segundo o superinten­dente da PF, os policiais identifica­ram “ciranda da propina”, “na qual as empresas dos parentes revezavam as vitórias nas licitações para camuflar o esquema e, em muitos casos, chegavam ao extremo de repassar o total do valor

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