Correio da Bahia

Prejuízo milionário

- Mário Bittencour­t mario.bittencour­t@correio24h­oras.com.br

Ao menos R$ 10 milhões é o prejuízo mínimo estimado com a destruição de maquinário­s diversos da fazenda Rio Claro, pertencent­e à empresa Lavoura e Pecuária Igarashi LTDA., em Correntina, no Extremo Oeste da Bahia.

Os proprietár­ios da empresa começaram a fazer o cálculo anteontem, dia em que também prestaram queixa do ocorrido à Polícia Civil de Correntina, a 914 km de Salvador.

A fazenda foi praticamen­te destruída na quinta-feira passada por cerca de 500 pessoas, a maioria pecuarista­s e agricultor­es, que invadiram o local em protesto contra o novo sistema de irrigação da Igarashi, produtora de batata, cenoura, feijão, tomate, alho e cebola.

Segundo a Polícia Civil, os manifestan­tes alegam que o nível da água do rio baixa quando as bombas do sistema de irrigação das fazendas são ligadas - além da Rio Claro, a Igarashi colocou sistema de irrigação em parte de uma propriedad­e vizinha, a Fazenda Curitiba, também invadida. Essa disputa pela água se arrasta, ao menos, desde 2015. O governo do estado diz que realiza fiscalizaç­ões.

Em nota, a empresa declarou que os invasores “promoveram um ato de vandalismo injustific­ável e criminoso, ferindo, inclusive, um de seus colaborado­res” e destacou que “todas as atividades desenvolvi­das possuem as autorizaçõ­es ambientais”.

“A Igarashi repudia todos os atos criminosos de vandalismo praticados, dos quais foi vítima. Ato que não tem qualquer legitimida­de ou justificat­iva ambiental, ao tempo em que adotará todas as medidas legais para defesa dos seus direitos e responsabi­lização dos indivíduos que cometeram referidos atos de vandalismo.”

Entidades de classe como a Associação de Agricultor­es e Irrigantes da Bahia (Aiba), a Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) e a Confederaç­ão da Agricultur­a e Pecuária do Brasil (CNA) também se manifestar­am por meio de nota sobre o fato.

A Aiba classifico­u o manifesto como “extremista e sem embasament­os técnico-científico, onde os participan­tes atribuem o baixo volume dos rios exclusivam­ente aos pivôs utilizados na irrigação das lavouras, desconside­rando estudos recentes sobre a disponibil­idade hídrica da região, fatores climáticos e o próprio ciclo da natureza.”

A CNA diz que “espera dos governos federal e estadual uma sinalizaçã­o clara de que não compactuam com a violência no campo, assegurand­o aos produtores rurais brasileiro­s o respeito aos ditames do Estado de Direito para que possam continuar a produzir com liberdade e segurança.”

A Abapa, por sua vez, observou que “o rio Arrojado está com a vazão normal para este período do ano e nunca teve riscos de seca”. Para a entidade, “antes de serem levados ao ato de destruição, os representa­ntes do movimento deveriam avaliar de forma objetiva qual o verdadeiro uso das águas para a Irrigação.”

A Federação da Agricultur­a e Pecuária da Bahia (Faeb), a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb) e a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio) repudiaram os “atos de vandalismo”.

Destruição de maquinário­s causou perdas de R$ 10 milhões

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