24h Cabral suspeito de financiar dossiês sobre juiz
RIO DE JANEIRO A Polícia Federal investiga se o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) financiou dossiês com informações sobre o juiz da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, Marcelo Bretas, e da mulher do magistrado, a também juíza Simone Diniz Bretas. Segundo reportagem da TV Globo, Cabral, que está preso há quase um ano, teria encomendado o material. Ele está detido preventivamente por decisão de Bretas, responsável pela maioria dos processos aos quais o peemedebista responde na Justiça Federal. Segundo a reportagem, a PF apura a confecção desses dossiês para saber com que recursos teriam sido financiados e também o objetivo do material.
Cabral teria contratado pessoas que tentaram, em pelo menos três delegacias do Rio, buscar registros de ocorrências no nome do juiz e de sua mulher. Ontem, a Polícia Civil do Rio determinou a instauração de investigação sobre possível envolvimento de policiais no levantamento de dados sobre Bretas no Sistema de Inteligência da instituição - ao qual só servidores têm acesso - com o intuito de abastecer “suposto dossiê”. Bretas interrogou Cabral mais uma vez ontem. Na audiência, o ex-governador pediu duas vezes desculpas ao magistrado. Com postura diferente da audiência anterior, na qual assumiu tom desafiador e citou negócios da família do juiz, o que Bretas interpretou como ameaça, desta vez Cabral adotou tom respeitoso. “Eu me exaltei, e peço desculpas. O senhor nunca faltou com o respeito comigo”. “Está superado, estamos de bem”, disse Bretas. O ex-governador também negou ter feito qualquer dossiê. “Não é da minha índole. Isso foi feito contra mim maldosamente”, afirmou. “Não tenho conhecimento, isso não está sob minha condução”, respondeu o juiz. Após o interrogatório no qual Cabral mencionou que a família do juiz comercializa bijuterias, Bretas determinou sua transferência para presídio federal. O Supremo Tribunal Federal, no entanto, suspendeu a decisão. Ontem, em manifestação encaminhada ao STF, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, defendeu a transferência de Cabral para uma penitenciária federal de segurança máxima “para evitar que o paciente exerça sua condição de líder de organização criminosa, com força política e poder de influência inegáveis no estado do Rio de Janeiro”.