PF: ‘Participação dos prefeitos era direta’
O superintendente da Polícia Federal na Bahia, delegado Daniel Justo Madruga, informou que durante as investigações foi constatado que as prefeituras envolvidas contratavam empresas relacionadas ao grupo familiar para fraudar licitações, simulando a competição entre elas.
Após a contratação, segundo a PF, parte do dinheiro repassado pelas prefeituras era desviado, utilizando-se de contas bancárias de passagem em nomes de terceiros para dificultar a identificação do destinatário final dos valores arrecadados, que, em regra, “retornavam para membros da organização criminosa”.
Isso acontecia, de acordo com a PF, “inclusive através de repasses à empresa de um dos prefeitos investigados”, em uma referência a Agnelo Santos, prefeito afastado de Santa Cruz Cabrália. Essas mesmas empresas também eram utilizadas para a lavagem do dinheiro ilicitamente desviado, afirma a polícia. Madruga disse que “a quadrilha tinha participação direta dos prefeitos”.
Em um dos casos investigados, foi verificado pela PF que uma das empresas do esquema tinha como sócio um ex-funcionário de outra empresa do grupo criminoso, que teria investido R$ 500 mil na integralização do capital. Porém, foi descoberto que a renda mensal do ex-funcionário era de apenas R$ 800.
“Os policiais identificaram uma verdadeira ‘ciranda da propina’, na qual as empresas dos parentes revezavam as vitórias das licitações para camuflar o esquema e, em muitos casos, chegavam ao extremo de repassar a totalidade do valor contratado na mesma data do recebimento a outras empresas da família”, afirmou Madruga.
Os investigados responderão pelos crimes de organização criminosa, fraude à licitação, corrupção ativa e passiva e lavagem de capitais.