Fome de inovação
Em época de programas culinários de sucesso, como o popular MasterChef, chega hoje aos cinemas o novo filme brasileiro Gosto Se Discute, que reúne no elenco protagonista os nomes Cássio Gabus Mendes e Kéfera Buchmann.
A youtuber, que lança o terceiro longa a chegar nas telas nacionais, interpreta a rigorosa Cristina, que é enviada por um banco para a tentativa de salvação do restaurante de Augusto (Cássio), que perdeu a clientela para um food truck instalado na frente do seu estabelecimento. Na trama, que abandona o estilo de comédia escrachado de Kéfera, predomina a vertente dramática.
O longa traz o trabalho gastronômico como representação das profissões que enfrentam desafios atuais, seja pela relação com concorrências ou por novas ondas em redes sociais, como é o caso do segmento fitness. O filme, no entanto, vai além, e aponta a noção de que o velho e o novo não precisam de uma visão dicotômica para manter as raízes nas misturas entre si.
O filme dirigido por André Pellenz (D.P.A. - Detetives do Prédio Azul) não fica de fora das ponderações e lembra que nada vai agradar a todos. As mensagens ainda reúnem desde a importância das pausas e do lazer para um trabalho mais bem feito até o machismo no mercado de trabalho.
“Cristina é uma mulher empoderada por agir e conquistar o seu lugar com atitudes”, afirma Kéfera, dona do maior canal de YouTube feminino do Brasil, com mais de 10 milhões de seguidores.
Ao CORREIO, ela ainda falou sobre sua primeira cena: “Fiquei nervosa, foi como perder um tipo de virgindade. Parece um jogo de futebol, o diretor está lá gritando os próximos passos”. Ela diz que o momento vem para mostrar que todas as mulheres são várias em uma só. “Ela pode também ser sexy e louca na cama. Ninguém merece ser taxado como apenas uma coisa, e é isso o que desejo também. Quero ainda fazer dramas pesados, como já fiz no teatro. Não estou aqui só para comédia, apesar de também adorar”, pondera.
André Pellenz diz que as misturas de comédia e drama e da experiência de Cássio com a novidade de Kéfera fazem parte do que procurava. “A própria coisa de ter uma atriz de origem não tradicional com um ator mais tradicional é um cho- que, para dizer: vamos abrir a cabeça”, conclui o diretor.
O filme, apesar de trazer fraquezas nos respiros cômicos e de apresentar um final que talvez dê uma sensação de declínio e clichê, pode ser um bom início de debates para diferentes temas e paladares. Afinal, gosto se discute, sim.