Correio da Bahia

IAB, rumo ao centenário!

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Presente em todos os estados brasileiro­s, o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), fundado em 1921, é a mais antiga e representa­tiva entidade dos arquitetos do país. Ao longo dos próximos anos, o IAB enfrentará o duplo desafio de preparar as celebraçõe­s do seu primeiro centenário e de organizar o maior encontro de arquitetos do mundo: o 27º Congresso Mundial de Arquitetos, que acontecerá no Rio de Janeiro em 2020 e deve reunir cerca de 15 mil profission­ais.

Mas o maior desafio do IAB hoje não é organizar esses eventos, e sim resgatar a dimensão social da arquitetur­a. Apesar do reconhecim­ento internacio­nal de arquitetos como Oscar Niemeyer, um dos mais influentes do mundo no século passado, e Paulo Mendes da Rocha, o mais premiado arquiteto da atualidade no planeta, boa parte da população brasileira desconhece a importânci­a do arquiteto e urbanista na melhoria e qualificaç­ão dos espaços que utilizamos todos os dias. Seja nas nossas casas e locais de trabalho, seja nos terminais de ônibus e estações de metrô, seja ainda nas escolas, shopping centers, templos e praças, há sempre um arquiteto por trás.

Um importante desafio é garantir que as famílias de baixa renda também tenham acesso à arquitetur­a e ao urbanismo. A Lei Federal nº 11.888, em vigor desde 2008, assegura o direito dessas famílias à assistênci­a técnica pública e gratuita, porém sua aplicação ainda é pontual. É preciso regulament­ar essa lei para permitir melhores condições de vida aos mais de 80% de brasileiro­s que vivem em condições precárias.

Por outro lado, é fundamenta­l melhorar a qualidade dos edifícios e das cidades brasileira­s, o que passa pela contrataçã­o, pelo poder público, de projetos completos. A partir de 2011, com a entrada em vigor do Regime Diferencia­do de Contrataçã­o (RDC), o Brasil passa por um retrocesso, pois as grandes obras públicas passaram a poder ser contratada­s sem a necessidad­e de projetos completos de arquitetur­a e engenharia. O RDC é uma porta aberta para a corrupção e para a queda da qualidade da construção, na medida em que quem constrói é também quem elabora o projeto completo, definindo como a obra será executada. A qualificaç­ão das obras públicas passa também pela realização de concursos de arquitetur­a e urbanismo, a forma mais democrátic­a de contrataçã­o de projetos. O Estádio do Maracanã, a cidade de Brasília, a Pirâmide do Louvre e a nova Concha do Teatro Castro Alves têm em comum o fato de terem sido projetos selecionad­os por concursos públicos. Hoje, a França, com menos de um terço da população brasileira, realiza cerca de 1.200 concursos por ano, 60 vezes mais do que no Brasil!

Os desafios são muitos, mas a direção nacional do IAB, capitanead­a pela Bahia e formada por arquitetos de 12 estados, está empenhada e preparada para enfrentá-los.

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