24h O maior terremoto
O terremoto de 7.3 graus de magnitude na escala Richter, que devastou cidades e matou 413 pessoas no Irã e mais nove no Iraque, somando ainda 7,5 mil feridos nos dois países, anteontem, já é considerado o mais grave de 2017. O abalo sísmico ultrapassou aquele que acometeu o México, em setembro deste ano, matando 369 pessoas, e é o mais mortífero em território iraniano dos últimos cinco anos. O último grande terremoto a causar tal nível de devastação no país ocorreu em 2003, ceifando 26 mil vidas.
As buscas por desaparecidos continuaram nos dois países ao longo do dia de ontem. As equipes de socorro lutam contra o tempo para evitar que pessoas soterradas e feridas morram antes de serem encontradas.
O terremoto aconteceu às 21h18 locais (16h18 em Brasília), perto da cidade iraquiana de Halabja, na região do Curdistão, zona de fronteira com o Irã. Devido ao tremor, o fornecimento de água e energia foi interrompido nas cidades iranianas; enquanto no Iraque, represas correm o risco de rompimento devido a rachaduras nas estruturas, provocadas pelo abalo principal e por outras 30 réplicas.
Para evitar mais mortes com desabamentos de edifícios, o governo iraniano recomendou que as pessoas durmam fora de casa e providenciou três mil barracas e abrigos temporários, 10 mil camas de campanha com colchões; além de distribuição de comida e água.
O Irã é uma das regiões do mundo com alta frequência de terremotos de grande impacto destrutivo, devido ao fenômeno geológico provocado pelo encontro entre as placas tectônicas Arábica e Eurasiática. Outro grave terremoto na história do país ocorreu em junho de 1990, com 30 mil mortos.
O terremoto de anteontem foi sentido também no Paquistão, Turquia, Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Catar, Israel, Arábia Saudita, Jordânia, Síria, Líbano, Armênia e Azerbaijão.
O presidente do Irã, Hassan Rohani, pediu ontem a colaboração dos órgãos oficiais e das equipes de resgate para prestar assistência aos milhares de feridos e desabrigados. O terremoto destruiu hospitais nas cidades de Sarpol e-Zahab, Eslamabad e-Gharb e também em Ghasr Shirin, prejudicando o atendimento às vítimas.
Segundo a Organização de Gestão de Crise do Irã, 140 ambulâncias e 20 helicópteros estão sendo usados na transferência dos feridos mais graves para outras províncias.
“É imperativo que todos os órgãos responsáveis e de resgate trabalhem juntos e em plena colaboração para utilizar todas as capacidades disponíveis para proporcionar socorro, alojamento e atendimento aos feridos”, disse Rohani, em comunicado.
Ontem, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, enviou condolências às famílias das pessoas atingidas pelo terremoto. Em nota, emitida pelo seu porta-voz, o chefe da ONU enviou sua solidariedade aos governos iraniano e iraquiano e disse que a organização está pronta para assistir os países caso seja solicitado.
Guterres manifestou profunda tristeza com a perda de vidas e desejou pronta recuperação aos feridos. A maioria das vítimas é da província de Kermanshah, oeste do Irã.
A organização Crescente Vermelho informou que suas equipes estão ajudando com o resgate e primeiros socorros. De acordo com os profissionais e voluntários da entidade, o quadro de destruição é arrasador. Outros grupos de voluntários de entidades assistenciais no norte do Iraque e do Irã estão mobilizando ajuda e proporcionando abrigos para os atingidos.
Também ontem, o papa Francisco afirmou estar “profundamente entristecido” com a tragédia na fronteira entre os dois países do Oriente Médio e, por meio de nota, disse que “rezará pelos que morreram, lhes confiando a misericórdia do Senhor”. A mensagem do pontífice católico aos dois países de maioria muçulmana, divulgada pelo secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin, diz ainda que: “sua Santidade invoca bênçãos de consolo e força aos feridos e às autoridades sanitárias e civis encarregadas pelas operações de resgate e socorro”.
O presidente Michel Temer também manifestou, via Twitter, solidariedade às vítimas do terremoto e afirmou estar triste com a notícia tão trágica. “Estendemos nossa solidariedade aos que perderam entes queridos, aos que se feriram e aos povos amigos desses dois países”, tuitou Temer.