Cine XIV passa por perícia após incêndio
Do refinado cinema que operava com duas salas com capacidade para 114 e 64 pessoas, ao pó. Essa é a situação do Cine XIV, na Rua Frei Vicente, no Pelourinho. Não sobrou nada. “Sabe a única coisa que eu consegui pegar de dentro do prédio? Uma caixa de grampos. Foi a única coisa que sobreviveu a esse incêndio enorme”, disse um segurança, sem se identificar.
As causas do incêndio que atingiu o Cine XIV e a Casa
14, no Pelourinho, no sábado, começaram ontem a ser investigadas pelo Departamento de Polícia Técnica (DPT). Peritos estiveram no local por volta das 14h30 e o laudo tem 30 dias para ser disponibilizado. Os imóveis atingidos são do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac) e alugados para os atuais responsáveis.
De acordo com moradores e trabalhadores do local, o incêndio estava mais intenso na sala de projeção, no térreo, próximo à bilheteria.
Eles acreditam que o fogo tenha começado ali.
De acordo com o diretor-geral da Codesal, Sósthenes Macêdo, não há risco de desmoronamento ou necessidade de demolição do Cine XIV, a princípio. “No dia, nós já fizemos um parecer afirmando que não havia risco maior nas laterais. Depois, nós vimos que a parede frontal do prédio também não apresentava risco”, diz.
O prédio tinha três andares: o térreo, o andar de cima e o subsolo, onde funcionava o cinema. “A parte inferior foi totalmente tomada. A superior, não. A proteção metálica que o prédio possui ajudou a manter a estrutura com certa integridade”, completa Macêdo.
Além da caixa de grampo resgatada pelo segurança, a felina Piriguete também sobreviveu. Uma moça que trabalha ao redor e que preferiu não se identificar conta que a gata mora no cinema há pelo menos seis meses. “Ela é a sobrevivente. Não tinha ninguém dentro, só ela”, disse.
Moradores e trabalhadores do Centro Histórico que passavam no local não titubeavam em perguntar que fim teve Piriguete que, na verdade, ganhou nomes distintos dos frequentadores do local.
Além do Cine, a Casa 14 também teve parte afetada. O local em que funcionava a diretoria da casa está comprometido e a entrada não é permitida pela Defesa Civil. A dona, Simone Carrera, está no imóvel há cinco anos e espera solidariedade do Ipac.
Simone conta que ela e Marcelo Sá, diretor do Cine XIV, tiveram uma reunião com o Ipac ontem, que terá continuidade hoje. Parte da Casa 14 está interditada pela Codesal. O palco e algumas estruturas ficaram com rachaduras e há danos na pintura e instalações elétricas.
“O prejuízo maior desse incêndio para a Casa é a questão cultural. A gente abrigava grupos de teatro”, diz Simone.