Correio da Bahia

Ex-assessor diz que guardava dinheiro em closet para Geddel

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DELAÇÃO O ex-assessor parlamenta­r do deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA) Job Ribeiro Brandão afirmou em depoimento à Polícia Federal e à Procurador­ia-Geral da República (PGR) que quantias de dinheiro em espécie eram guardadas em malas e caixas no closet da mãe do parlamenta­r e do ex-ministro Geddel Vieira Lima. Segundo Job Brandão, a família “possuía muito dinheiro guardado no apartament­o de Marluce Vieira Lima”, em Salvador. A pedido de Geddel e de Lúcio, Job realizava a contagem de dinheiro quando as notas chegavam no apartament­o, na capital baiana. O dinheiro, segundo ele, ficou guardado no quarto da mãe dos irmãos Vieira Lima até o início de 2016. Ele contou que quando o pai de Lúcio e Geddel morreu, o dinheiro foi levado para outro lugar. No depoimento, Job Ribeiro Brandão afirmou ainda que o parlamenta­r e o irmão “colocavam dinheiro” para empreendim­entos imobiliári­os por meio da empresa Cosbat. Ele cita, entre outros empreendim­entos, o edifício La Vue, em Salvador. O La Vue e a Cosbat estiveram no centro da polêmica que gerou a saída do ex-ministro da Secretaria de Governo, em 2016. Na época, o então ministro da Cultura, Marcelo Calero, pediu demissão e afirmou que saía do governo após pressão de Geddel para liberar a construção do empreendim­ento. Geddel comprou um imóvel no La Vue, mas negou o tráfico de influência. Na PF, Ribeiro Brandão revelou ainda que fez “coletas de dinheiro em espécie” na sede da Odebrecht. Ele disse ter ido “cerca de cinco ou seis vezes” à empreiteir­a, onde esteve “com uma senhora de nome Lúcia, com quem pegou dinheiro em espécie”. As coletas foram feitas a pedido de Geddel e de Lúcio. Segundo Brandão, Lúcio orientou que ele procurasse a “sua xará no prédio da Odebrecht”. Ele foi informado de que o dinheiro era “doação de campanha”. A Lúcia da Odebrecht é Maria Lúcia Tavares, delatora e ex-secretária do Setor de Operações Estruturad­as da empresa. Foi o depoimento dela que levou a Lava Jato ao chamado “departamen­to de propina” da empreiteir­a. Job Brandão tem intenção de fazer um acordo de delação premiada. Ele virou alvo da Tesouro Perdido, operação que encontrou R$ 51 milhões, atribuídos a Geddel, em um apartament­o de Salvador. Na ocasião, a PF identifico­u suas digitais em parte do dinheiro. O ex-ministro e o deputado Lúcio Vieira Lima são investigad­os pelo crime de lavagem de dinheiro. Marcelo Ferreira, advogado de Job Brandão, declarou que “tem especial preocupaçã­o com a segurança de Job”. A defesa de Geddel e Lúcio não atendeu aos contatos da reportagem.

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