Correio da Bahia

O que nasce torto se endireita? Às vezes, sim

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Já teve cara que gastou um tempo usando uma pilha de travesseir­os comigo, enquanto eu insistia pra ele fazer outras coisas. Mas a penetração que ele se importava mais. Temos que cuidar da “masculinid­ade” antes do tamanho do pênis. Uma amiga minha falou para o cara que ele tinha o pau pequeno, e ele, todo intelectua­l, estudante de Heidegger (filósofo alemão), larga:

“Você que é larga” (...) Acho que uma parte dos homens ainda não sabe lidar com isso por conta do ego.

Eu tinha um melhor amigo desde os tempos da escola, e ele foi durante anos apaixonado por mim; até fizemos uma promessa que perderíamo­s a virgindade juntos – o que não rolou da minha parte. Mas, depois de quase 10 anos da promessa, estávamos já com 22 anos, acabei apaixonand­o por ele, e transamos. Foi a primeira vez dele. E foi incrível. Era bem pequeno. Eu não tinha muita referência, mas notei a diferença dos outros que já tinha visto. Mas foi gostosinho, gozamos, até choramos de lindeza quando acabou. Outra questão estética, relacionad­a ao pênis, que aflige a rapaziada, é a dificuldad­e dele em “olhar para a frente”, quando ereto. Esse desvio, na maior parte das vezes, é comum, afinal, nosso corpo não é simétrico, e muitos aspectos – às vezes até o jeito de colocar o pinto na cueca – podem influencia­r na curvatura.

Mas segundo o urologista baiano Wagner Coêlho Porto, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), quando essa curvatura se acentua de repente, o caso pode estar associado a uma síndrome, que costuma atingir homens a partir dos 19 anos.

Trata-se da doença de Peyronie, que apenas em casos extremos costuma ser tratada cirurgicam­ente. “O grande problema da doença é que nos primeiros seis meses a um ano, quando o processo está se instalando, e que o pênis começa a ficar torto, o indivíduo sente muita dor. É por isso que você tem que deixar estabiliza­r, para não intervir num processo que pode voltar”, explica o médico.

A doença atinge cerca de 150 mil brasileiro­s por ano, e costuma ser identifica­da pelo próprio paciente. De acordo com o urologista, trata-se de uma doença autoimune da qual ainda não tem conhecimen­to da causa real, apesar de ter sido descoberta faz tempo. Foi em 1743 que o médico François Gigot de Peyronie descreveu, pela primeira vez, o aparecimen­to de tecido fibromatos­o e cálcio na superfície que envolve os corpos cavernosos de um pênis na França.

Nos dias atuais, diz Côelho Porto, são três as possibilid­ades de tratamento. “Remoção da placa (fibrosa ou dos nódulos), correção do entortamen­to por meio cirúrgico ou, ainda, implante de prótese peniana”, assinala.

Um dado curioso, citado no site da SBU, é que com o advento das drogas orais para a ereção (como viagra), os urologista­s têm relatado um aumento da incidência da Peyronie, que afeta hoje até 3,5% dos adultos.

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