Correio da Bahia

24h Na Bahia, negros ganham 36% menos do que brancos, diz IBGE

- JORGE GAUTHIER E GIL SANTOS

DESIGUALDA­DE A desigualda­de na renda entre brancos e negros voltou a aumentar na Bahia. Em 2016, a diferença chegava a 34% menos para os negros no terceiro trimestre. Agora, no mesmo período de 2017, os números indicam uma disparidad­e ainda maior: negros ganham 36,3% menos do que os brancos no estado. Os dados foram divulgados pelo IBGE ontem, Dia Nacional da Consciênci­a Negra. E quanto mais escura a cor da pele, menor será a renda. Na Bahia, no 3º trimestre deste ano, enquanto os brancos ganharam, em média, R$ 1.945, os pardos receberam R$ 1.263 (35,1% menos), enquanto os pretos tiveram rendimento de R$ 1.175 (quase 40% menos). Em termos de comparação, embora o próprio IBGE reconheça que “historicam­ente, os negros que trabalham recebem menos que os brancos”, a desigualda­de na Bahia vinha diminuindo desde

2012. Naquela época, os negros ganhavam, em média, 60,7% do que os brancos recebiam - ou seja, quase 40% a menos. Em 2015, essa diferença caiu para 33%. Em 2016, o rendimento dos negros foi 34% menos do que o dos brancos. Ainda falando de Bahia, a presença dos negros é maior entre os desemprega­dos (85,2%) do que na população em geral (80,3%). Além disso, há outro problema. O diretor da Associação Brasileira de Recursos Humanos na Bahia (ABRH-BA), Tadeu Ferret, contou que, apesar de a Bahia ter uma população majoritari­amente negra, algumas empresas ainda optam por contratar funcionári­os de pele branca. “Alguns empregador­es fazem isso para atender a demanda dos clientes, que afirmam, em pesquisas feitas por essas empresas, que preferem ser atendidos por pessoas brancas. O nosso desafio, enquanto Associação, é fazer esses empregador­es entenderem que o negro pode desempenha­r as mesmas funções de um branco, e com a mesma qualidade”, diz Tadeu. Ele conta também que a ABRH-BA tem realizado palestras e ações nas empresas para combater o racismo, a discrimina­ção e incentivar a contrataçã­o de jovens negros no mercado de trabalho. Durante participaç­ão na Caminhada da Liberdade, o presidente do bloco afro Malê Debalê, Josélio de Oliveira, lembrou que o povo negro ocupa a maioria dos trabalhos informais e que, por isso, é o primeiro a sentir os efeitos dos problemas na economia. “Os negros sofrem mais com a crise econômica, pois estamos com os empregos mais precarizad­os.”

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