‘Açougueiro da Bósnia’ é condenado à prisão perpétua por genocídio
CULPADO O Tribunal da ONU para os crimes de guerra na Iugoslávia condenou ontem o ex-general Ratko Mladic à prisão perpétua por crimes contra a humanidade e genocídio. Mladic, 75 anos, foi o comandante do exército sérvio durante a Guerra da Bósnia, travada entre 1992 e 1995. Conhecido como o “açougueiro da Bósnia”, Mladic foi responsabilizado pelo cerco de 43 meses a Sarajevo, capital da Bósnia, onde mais de 10 mil civis foram mortos pelas forças sérvias. O cerco da capital bósnia durou 3 anos e 10 meses - o mais longo dos tempos modernos. A motivação de Mladic teria sido criar um Estado sérvio etnicamente puro. O processo teve início em 2012, após sua detenção na Sérvia, no ano anterior. Mladic também foi condenado pelo massacre de Srebrenica, considerado o maior genocídio ocorrido na Europa após a Segunda Guerra Mundial. Em cinco dias, cerca de 8 mil muçulmanos foram assassinados na cidade que estava sob a proteção das Nações Unidas. O alto comissário da ONU para Direitos Humanos, Zeid Ra'ad al-Hussein, afirmou em comunicado que Mladic é a “personificação do mal” e que sua condenação é “o exemplo perfeito de justiça internacional”. Já a presidente da associação das mães dos redutos de Srebrenica e Zepa disse não estar inteiramente satisfeita com a decisão. “Estou parcialmente satisfeita. É mais que para [Radovan] Karadzic. Mas não o declararam culpado da acusação de genocídio de vários povoados”, afirmou Munira Subasic à AFP. O ex-general havia pedido o adiamento do julgamento devido a problemas de saúde, solicitação que foi negada pelo tribunal. Antes de ser preso, em 2011, ele havia passado 11 anos foragido. Durante o julgamento, Mladic chegou a ser retirado da sala de audiência do Tribunal Penal Internacional de Haia depois de se levantar e gritar contra os juízes. O juiz do TPI para a Antiga Iugoslávia, Alphons Orie, determinou que Ratko Mladic fosse retirado, depois de se recusar a ceder ao pedido da defesa de interromper a sessão por conta da pressão alta do acusado. “Eles mentem, vocês mentem. Não me sinto bem”, gritou. A defesa afirmou que vai recorrer da decisão.