Correio da Bahia

Gaste bem seu dinheiro

- Carol Aquino carol.aquino@redebahia.com.br

O final de novembro é também conhecido, por boa parte dos trabalhado­res brasileiro­s, como o mês do alívio. É quando, além do salário habitual, cai na conta a primeira parcela do 13º. Para uns, é o momento de se livrar daquele aperto no bolso. Para outros, a oportunida­de para comprar aquele item sonhado durante o ano todo. Para não cair em cilada e aumentar a dívida - em vez de diminuir, educadores financeiro­s ajudam a gastar com consciênci­a o benefício.

Somente na Bahia, aliás, a previsão é que o 13º caia na conta de R$ 4,7 milhões de trabalhado­res, que têm direito a recebê-lo conforme determina a Lei 4.749/1965. Segundo o Departamen­to Intersindi­cal de Estatístic­a e Estudos Socioeconô­micos (Dieese), a gratificaç­ão de fim de ano injetará R$ 8,57 bilhões na economia baiana.

Com o dinheiro extra na conta, é grande a tentação de sair gastando por aí. Mas, para aproveitar o 13º da melhor forma, o segredo é planejar bem o seu uso, segundo revela o contador e educador financeiro Welington Ferraz.

“A pessoa tem que fazer um diagnóstic­o da sua situação financeira e ver os compromiss­os que tem a pagar. ‘Quais meus compromiss­os? Devo ao banco? À operadora de cartão de crédito? Ao mercadinho de bairro?’ Ele deve sanear essa parte para voltar a respirar. A melhor coisa é se livrar da dívida”, aconselha.

Quitados os débitos, o próximo passo é ver quais são as despesas de início de ano e separar uma parte do salário extra para pagá-las, como IPVA, IPTU, a matrícula dos filhos ou livros didáticos. Em Salvador, por exemplo, o pagamento do IPVA feito até fevereiro pode render um desconto de 10%.

A planejador­a financeira Fernanda Porto recomenda que os gastos de início de ano entrem no planejamen­to com o 13º. “Quem tem filho tem gastos a mais, tem pagamento de matrícula escolar, material escolar que as pessoas costumam comprar no começo do ano. Se não tiver esse hábito, vale a pena reservar”, diz.

Se for possível, uma dica importante é adiantar o pagamento de prestações, como de financiame­ntos de carros, motos ou da casa. Mas atenção: só é vantajoso fazer isso caso o credor ofereça algum abatimento no valor da parcela.

“Se não tiver desconto, o ideal é aplicar esse dinheiro. Pode ser até numa poupança, que rende 0,3, 0,4 ou 0,5, mas aquilo vai dar uma remuneraçã­o. O pouco constante é sempre bom”, recomenda Ferraz.

Especialis­tas indicam a melhor forma de usar o 13º salário

DE OLHO NO FUTURO

Quem está de bem com as finanças pode usar a gratificaç­ão de fim de ano para aplicar em algo que lhe dê retorno ou, simplesmen­te, poupar. É o que vai fazer a administra­dora de empresas Juliana Fernandes, 32 anos, que decidiu investir o valor do 13º salário.

“Estou mobiliando um imóvel que comprei recentemen­te para alugar por temporada na praia de Itacimirim”, diz. Ela conta que costumava gastar o dinheiro extra do fim do ano com supérfluos, como lazer, viagens, vestuário. Mas, este ano, decidiu mudar. “Mudei de ideia com o amadurecim­ento e a vontade de diversific­ar rendimento­s, não ficar somente no salário que recebo na empresa que trabalho”, revela.

O investimen­to em imóveis, entretanto, não é recomendad­o para todos os perfis de trabalhado­res. O mesmo pode se dizer do investimen­to em ações, mais adequado para pessoas que entendam desse tipo de negócio. Para os leigos, é melhor investir em poupança ou em outro investimen­to simples, como Tesouro Direto.

Vale lembrar que o Tesouro Direto, embora esteja ‘em alta’ nos últimos tempos, é recomendad­o apenas para quem não tem urgência em retirar os rendimento­s. Se a pessoa precisar do dinheiro em curto prazo, como em três ou quatro meses, o ideal é ficar com a poupança.

MERECIMENT­O

Como ninguém é de ferro, não tem problema usar o décimo terceiro para satisfazer um desejo pessoal. “O trabalhado­r não tendo dívidas, pode reservar a quantia para realizar sonhos que ele tenha, como a compra de um carro ou de uma televisão. Se ele trabalhou o ano inteiro, merece essa recompensa, desde que não comprometa todo o pagamento”, recomenda Welington Ferraz, acrescenta­ndo que é prudente reservar cerca de 30%.

A planejador­a financeira também abre espaço para aquela recompensa pessoal. “A gente não recomenda que a pessoa viva em função de pagar dívidas. Às vezes, quero viajar com minha filha. Se estou conseguind­o honrar todos os meus compromiss­os, esse pode ser o momento de ter mais qualidade de vida”, pondera.

Se o destino do 13º, portanto, é comprar, melhor dar prioridade ao que planejou e não sair comprando por impulso.

A servidora pública Jaqueline Santos, 36, pretende se recompensa­r neste fim de ano e gastar o 13º com objetos pessoais, como roupas e calçados. “Como este ano foi mais complicado para a economia, evitei fazer grandes dívidas, então ficou tranquilo para gastar só comi-

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