Correio da Bahia

Missão cumprida

- Vitor Villar vitor.villar@redebahia.com.br

Baiano lembra dificuldad­es para completar regata Jacques Vabre

“Tivemos que resolver muitos problemas. Pelo menos descobrimo­s que nisso a gente é bom”, brinca o velejador baiano Leonardo Chicourel, o único brasileiro a participar da Transat Jacques Vabre. A regata internacio­nal deixou Le Havre, no norte da França, e cruzou o Oceano Atlântico em direção a Salvador.

Leonardo e seu parceiro, o angolano José Guilherme Caldas, chegaram à capital baiana na manhã de ontem. Eles completara­m o percurso em 21 dias, 22 horas, 59 minutos e 49 segundos. Ficaram em 11º lugar na categoria Class 40, que teve 15 barcos. Três abandonara­m no caminho.

O barco deles, o Mussulo 40 Team Angola Cables, teve uma pane elétrica pouco após a saída de Le Havre, e teve que parar em Camaret, na França, para conserto. Foram 30 horas parado, o que deixou o veleiro em último lugar da Class 40.

“Os instrument­os de orientação, como a bússola, e o piloto automático não funcionava­m. A gente não sabia o que estava acontecend­o. Sem dúvida essa foi a parte mais difícil da regata e prejudicou todo o resto. Até mesmo na linha do Equador, em que geralmente se perde muita velocidade (por causa da calmaria dos ventos), a gente passou com facilidade”, completou Chicourel.

Na vontade de fazer uma corrida de recuperaçã­o, a dupla usou uma “vela balão”, de maiores proporções para dar velocidade ao barco. Daí, surgiu outro problema: “Estávamos usando um balão mais velho, que já tinha sido reformado algumas vezes. Na ânsia ali de colar nos demais, acho que a gente usou dela demais e acabou rasgando. Daí a gente ficou sem essa arma para o resto da regata”, explicou Caldas.

O velejador angolano, que mora em São Paulo, onde trabalha como médico, acredita que a equipe poderia ter tido um resultado melhor se não fossem os problemas. “Acho que estaríamos disputando ali pelo 5º ou 6º lugar. Basta ver o nosso tempo na regata, enquanto estivemos no mar de fato”, afirmou. SATISFEITO­S

Em sua primeira participaç­ão na Transat Jacques Vabre, José Guilherme Caldas e Leonardo Chicourel se dizem satisfeito­s pelo resultado.

“É como se fosse na Fórmula 1. Você tem algumas equipes que dominam, que vão brigar pela ponta, e outras que vão fazer um campeonato mais médio. Com esse barco, sabíamos que estávamos nesse patamar médio”, explicou o velejador angolano.

“Nossa intenção sempre foi ganhar experiênci­a. Não tínhamos nenhuma ilusão de conseguir o resultado”, completou Caldas. O baiano, que fez uma travessia com o parceiro apenas pela segunda vez, se disse orgulhoso do trabalho realizado. “Esses franceses (demais participan­tes da regata) são monstros sagrados da vela mundial. O esporte faz parte da cultura deles, eles nasceram e cresceram dentro de um barco”, conta.

“Estou muito feliz de disputar uma prova como essa, com caras deste nível. Sair daqui de Salvador e disputar a Fórmula 1 da vela”, completou Chicourel, animado.

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Baiano Leonardo e angolano José Guilherme fizeram a regata Jacques Vabre pela primeira vez e chegaram em Salvador na manhã de ontem
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