Correio da Bahia

Bens do artista vão para o Estado

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O próprio artista cobrou publicamen­te, em várias de suas entrevista­s, uma atitude do governo estadual com relação a instalação do museu, visto que o Sítio Natura foi incorporad­o ao patrimônio do estado em 17 de agosto de 2009 e registrado como Museu Artístico e Ecológico Frans Krajcberg.

Griffo confirma que Krajcberg, que era muito reservado, não permitiu a mão do estado lá dentro enquanto viveu, mas que esperava que o governo tivesse feito, pelo menos, as obras físicas do museu, como a construção dos dois novos prédios sugeridos como contrapart­ida à doação do seu patrimônio: “Ele tinha o usufruto do patrimônio, mas algumas coisas já poderiam ter sido feitas, especialme­nte no que concerne a estrutura física”.

Além do sítio e do acervo, o artista teria deixado ainda um apartament­o na Urca, no Rio de Janeiro. Segundo o testador, tanto este imóvel como qualquer outro bem que possa vir a aparecer, também será incorporad­o ao patrimônio do Estado. “Era o desejo dele que todo o seu patrimônio fosse usado para a preservaçã­o de sua obra, essa é a minha leitura. No testamento, ele não beneficia nenhuma pessoa, nem outra instituiçã­o qualquer, apenas nos dá a missão de ajudar a manter viva sua memória artística”, diz o advogado

Isso significa que os cinco amigos citados no testamento formarão uma comissão que ficará responsáve­l por ajudar a gerir o museu-fundação. Segundo Marlene Figueiredo, até o momento ainda não houve diálogo com o governo. “Apenas conversas informais com os museólogos que estiveram no sítio para o primeiro levantamen­to das obras”.

A ideia, segundo a secretária, é que nos próximos dias seja marcada uma reunião entre os representa­ntes do poder público e a equipe instituída pelo artista no seu testamento para discutirem os procedimen­tos legais. Será neste encontro que o governo do estado será informado, oficialmen­te, dos termos do testamento.

Ainda segundo o advogado, tão logo o artista teria registrado o testamento, teria feito também uma ratificaçã­o na escritura de doação onde teria incluído algumas condiciona­ntes, dentre elas, a inclusão da comissão formada pelos cinco amigos que constam no testamento, como partícipes da gestão do empreendim­ento.

O diretor-geral do Ipac, João Carlos Oliveira diz não ter conhecimen­to deste ou de outro procedimen­to, como o testamento, mas garante que o diálogo com a equipe de colaborado­res do artista será o melhor possível. “Nosso objetivo é fazer valer seu desejo e perpetuar sua obra grandiosa no mundo inteiro”, diz.

Somente a partir das primeiras conversas com a comissão que o Estado irá se pronunciar. “Até lá, não temos elementos para falar sobre o assunto”, diz o diretor do Ipac. O governo do estado foi procurado, mas não se posicionou. Certo mesmo é que, até lá, muita água ainda deve rolar.

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