PF acusa Geddel de lavar dinheiro
A Polícia Federal atribuiu ao ex-ministro Geddel Vieira Lima e ao irmão dele, o deputado federal Lúcio Vieira Lima, os dois do PMDB, os crimes de associação criminosa e lavagem de dinheiro, em relatório conclusivo sobre os R$ 51 milhões encontrados em um apartamento de Salvador, durante a Operação Tesouro Perdido. O relatório foi enviado, ontem, ao ministro Edson Fachin, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF).
No relatório, a PF afirma que a família Vieira Lima usou subterfúgios para receber, transportar e armazenar os valores. Para os investigadores, a defesa não conseguiu justificar a origem do dinheiro.
A PF atribuiu ainda os crimes a Marluce Quadros Vieira Lima, mãe dos irmãos peemedebistas, Job Ribeiro Brandão, homem de confiança da família, e Gustavo Pedreira do Couto Ferraz, ex-diretor da Defesa Civil de Salvador, apontado como operador de Geddel.
Segundo o delegado Marlon Oliveira Cajado dos Santos, que assina o documento, Geddel e Lúcio “estiveram unidos em unidade de desígnios para a prática de crimes de lavagem de dinheiro, seja pelo ocultamento no apartamento de Marluce Quadros Vieira Lima, seja pelo ocultamento no apartamento da Rua Barão de Loreto, no bairro da Graça, em Salvador - BA, de recursos financeiros em espécie, oriundos de atividades ilícitas praticadas contra a Caixa Econômica Federal, apropriação indevida de recursos da Câmara dos Deputados por desvios de salários de secretários parlamentares, caixa 2 em campanhas eleitorais, possível participação de Lúcio Vieira Lima em ilicitudes relacionadas a medidas legislativas e da participação de Geddel Vieira Lima em Organização Criminosa”, descreve em detalhes trecho do inquérito sobre o chamado “Quadrilhão” do PMDB na Câmara.
Para investigar o suposto crime de corrupção, que pode revelar a origem dos R$ 51 milhões, a PF solicitou ao ministro a abertura de um novo inquérito. “Nesse sentido, sugere-se que outros fatos, principalmente crimes antecedentes da lavagem de dinheiro aqui mencionada, além de outras tipologias de branqueamento de capitais provenientes de atividades ilícitas dos investigados, sejam objetos de outras apurações”, conclui o texto da PF.
Geddel foi preso no dia 8 de setembro, três dias depois da PF encontrar o dinheiro no apartamento de um amigo do político. Os valores apreendidos foram depositados em conta judicial.
Segundo a Polícia Federal, parte do dinheiro seria resultante de um esquema de fraude na liberação de créditos da Caixa Econômica Federal no período entre 2011 e 2013, quando Geddel era vice-presidente de Pessoa Jurídica da instituição. No entanto, a constatação não está no relatório final da investigação.
Irmão e mãe do ex-ministro também são apontados
BUNKER DA GRAÇA
A Operação Tesouro Perdido partiu de uma denúncia anônima, por telefone, no dia 14 de julho de 2017. O apartamento em Salvador onde foram encontrados os R$ 51 milhões pertence ao empresário Silvio Antônio Cabral Silveira, que admitiu às autoridades que emprestou o imóvel ao deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB), a pretexto de guardar bens do pai do peemedebista, já falecido.
Na montanha de notas de R$ 100 e R$ 50 encontrada no apartamento, há marcas das impressões digitais do ex-ministro, de seu aliado Gustavo Pedreira Couto Ferraz, do assessor de Lúcio, Job Ribeiro Brandão, além de uma fatura com o pagamento da empregada do parlamentar.
No âmbito das investigações, Job resolveu colaborar