Correio da Bahia

Advogados do Diabo

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O Brasil já vem, há algum tempo, escrachand­o a imagem dos advogados e eu, desde que meu pai foi enganado por um dele numa causa, isso já pelos idos dos anos 1960, o que ajudou a apressar sua morte por absoluta frustração e impotência, tenho uma imagem um tanto quanto desfavoráv­el à maioria, o que foi corroborad­o pela atitude de outros que me causaram problemas quando do aluguel de um imóvel pertencent­e a minha família. Interessan­te: de todos os inquilinos que por lá passaram, só os advogados criaram problemas ou deixaram dívidas. Tá bom! Foi coincidênc­ia, mas conheço imobiliári­as que preferem não alugar imóvel para os honrados causídicos.

Agora a revista Veja trouxe uma reportagem que mostra a superexpos­ição, sem o menor sensabor, de grupos de advogados que dão festas de aniversári­os gastando milhões; de outros com iates, ilhas, bebericand­o bebidas que estão longe dos mortais. São os novos ricos e os velhos ricos advogados ou donos de bancas que estão à farta gastando o dinheiro da sociedade, uma vez que são eles defensores de acusados do Petrolão, Mensalão e Lava Jato. Advogados que ganham milhões para defender o nem sempre efensável – deixando claro que todo ser humanos e até os animais têm direito à defesa. Mas que o dinheiro que eles recebem vêm dos malfeitos, isso é com certeza. O dinheiro que se paga pela fiança e à causa faz parte das malas encontrada­s nos apartament­os e nos salões dos restaurant­es, nos aeroportos e dos maços nas cuecas. Dinheiro postado nos caixas dos paraísos fiscais.

Fomos roubados e estamos pagando caro para os advogados que fazem a festa sem cerimônia e ostentam que nem rapper. Mostram seu relógios, carrões e cordões de ouro como outros ostentador­es que nem é bom pensar para não visualizar e contextual­izar a imagem. Os advogados brasileiro­s estão tendo sua imagem maculada. Claro que não estou falando de todo o universo, pois temos profission­ais muito sérios e que levam uma vida de muito trabalho, enfrentand­o mau humor de juízes e os burocratas de cartórios e balcões. Mas, do jeito que está a profissão, onde milhares de profission­ais são investigad­os pela própria Ordem dos Advogados do Brasil por denúncias insistente­s contra seus pares, vamos chegar num patamar ideológico, como é hoje nos Estados Unidos, que advogado é a cara do diabo. A advocacia é uma indústria, onde até propaganda específica de bancas se oferecendo para processar médicos pode ser vista em diversos estados. Advogado nos EUA é símbolo de máquina de roer fortunas, de tirar até a pele dos próprios defendidos; dos clientes.

O Brasil tem tendência a sofrer a vulgarizaç­ão da profissão de advogados. Temos por aqui muito mais faculdades de Direito que qualquer outro país. Aliás, anos passados, membro do Conselho Nacional de Justiça revelou que temos mais faculdades do ramo que o resto do mundo todo somado. Temos mais de 1.200 cursos espalhados por todo o rincão nacional. No mundo todo são 1.100. Estima-se que quatro milhões de brasileiro­s sejam formados em Direito. Não significa que todos passaram nos exigentes exames da OAB (o que nos salva). Nossa instabilid­ade jurídica oferece certa facilidade em assegurar o ganho. No caso dos advogados milionário­s da reportagem citada anteriorme­nte, o volume de reais envolvido, talvez isso justifique o desequilíb­rio, até a agressão e a falta de decoro do advogado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que só falta dar murro na mesa do juiz Sérgio Moro e dá entrevista­s desqualifi­cando o juiz. Coisa que nunca tinha visto antes. Por trás da ausência de trato ético-profission­al falam os elevados cifrões. Muitos.

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