Correio da Bahia

Número de moradores de rua em Salvador pode chegar a 17 mil

- CAROL AQUINO

ESTIMATIVA Existem entre 14.513 e 17.357 pessoas em situação de rua em Salvador, de acordo com uma pesquisa realizada pelo Projeto Axé, em parceria com a Universida­de Federal da Bahia (Ufba), o Movimento Nacional da População de Rua e a Defensoria Pública da Bahia, entre janeiro e novembro deste ano. Os dados foram apresentad­os ontem, durante o seminário Cartografi­as dos Desejos e Direitos: Quem São as Pessoas de Rua, Afinal?, que acontece até hoje, no auditório das Doroteias, no Garcia. Levantamen­to divulgado em abril deste ano pelo Axé apontava cerca de 20 mil pessoas vivendo nas ruas. No relatório atual, consta que a maioria da população de rua da capital é formada por homens (82,6%). Um fato inovador na pesquisa foi não considerar apenas a divisão de gêneros entre masculino e feminino, mas também pessoas intersexua­is e homens e mulheres transexuai­s (referidos no estudo como queers). Os dados apontam que 58,2% se declararam negros/pretos, 34,6%, pardos, e 5,5%, brancos. Quase metade deles (44,5%) disse que foi para as ruas procurar sustento para si mesmo, 28% foram em busca de sustento para as famílias, e 13,5%, porque ficaram desemprega­dos. “Isso mostra que as condições econômicas continuam a ser os grandes motivos de as pessoas irem para as ruas. A pessoa não tem condições de se sustentar, de ter dinheiro para comprar comida, de prover moradia para si e para sua família. A gente percebe que, com a crise econômica no Brasil, aumentou a população de rua”, disse Juliana Prates, coordenado­ra acadêmica da pesquisa. Ainda segundo o estudo, 29,4% da população de rua de Salvador afirma ter chegado a essa situação por causa de conflitos familiares e 25,3%, para procurar diversão/ liberdade. De acordo com a Secretaria Municipal de Promoção Social e Combate à Pobreza (Semps), apesar do grande número de pessoas em situação de rua em Salvador, há vagas nas 12 unidades de acolhiment­o disponibil­izadas pela pasta. Até abril de 2017, a Semps havia abordado 2 mil pessoas. Conforme a secretaria, as abordagens são periódicas e, entre os objetivos, estão construir processo de saídas das ruas e possibilit­ar condições de acesso à rede de serviços e a benefícios assistenci­ais.

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