Correio da Bahia

Redução da vazão será discutida hoje

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mas ela preferiu não identifica­r quais na pesquisa.

O trabalho mostra que há um rebaixamen­to do nível das águas e problemas com redução de vazão, que, segundo a pesquisado­ra, não foi provocado pela falta de chuvas no Oeste baiano. “Fizemos comparativ­o das vazões de antes da década de 1980 e depois da década de 1980 e percebemos diferenças. Houve redução no nível que a gente chama de base do aquífero”, afirmou Joana.

A redução de vazões dos rios da região - Rio Arrojado, Rio Correntina ou das Éguas, Rio Guará e outros, todos eles afluentes do Rio Corrente, que por sua vez deságua no Rio São Francisco - vem sendo denunciada pela população desde 2015 ao Ministério Público.

As conclusões da pesquisado­ra incendeiam os debates sobre problemas socioambie­ntais supostamen­te causados pelo desenvolvi­mento do agronegóci­o no Oeste da Bahia, integrante da principal zona agrícola brasileira - o Matopiba, que reúne áreas do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.

As principais contestaçõ­es são os potentes sistemas de irrigação das empresas agrícolas.

Quase um mês depois da invasão às fazendas em Corren- tina, a Polícia Civil, que montou uma força-tarefa com dois delegados para investigar o caso, ainda não apontou culpados pela destruição, que causou prejuízos de mais de R$ 50 milhões, segundo a Igarashi.

Setores do agronegóci­o do Oeste da Bahia e de outras partes do Brasil vêm defendendo que atuam com respeito às leis ambientais, mas ninguém ainda sabe quanto, de fato, a irrigação consome de água na região.

O governo espera saber isso a partir de janeiro de 2018, quando encerrará o prazo para que as empresas agrícolas que possuem outorgas para captação de água na região instalem hidrômetro­s para fazer a medição.

Apesar de não saber a quantidade de outorgas para captação de águas para irrigação na região, o diretor de Águas do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), Eduardo Topázio, afirma que, por enquanto, não há ilegalidad­es por parte das empresas.

Segundo a Associação de Agricultor­es e Irrigantes da Bahia (Aiba), representa­nte do agronegóci­o na região, a área total de produção é de 2 milhões de hectares, sendo que 160 mil hectares são de áreas irrigadas. O Oeste baiano, segundo o Atlas da Irrigação, da Agência Nacional de Águas (ANA), é a mais importante região produtora do Matopiba. Coordenado­r do grupo de trabalho sobre cerrado do Ministério Público Federal (MPF), o procurador da República Wilson Rocha avalia que a questão da sustentabi­lidade está sendo negligenci­ada e defende que é preciso que haja uma fiscalizaç­ão ambiental mais rigorosa e também a regulariza­ção jurídica das terras das comunidade­s tradiciona­is.

Ele vai representa­r o MPF na audiência pública que o Ministério Público do Estado realiza hoje, para discutir a redução da vazão dos rios da Bacia Hidrográfi­ca do Corrente, no Ginásio de Esportes de Correntina, no Oeste do estado. A redução de vazões dos rios da região vem sendo denunciada pela população desde 2015.

Também nesta semana, Rocha participou de uma audiência pública no município de Corrente, no Piauí, que debateu a expansão das atividades agrícolas e pecuárias do Matopiba. “Conversei com Luciana Khoury (promotora) para que o desdobrame­nto dessas duas audiências seja conjunto, que a gente tome medidas comuns, já que os problemas são os mesmos”, informou o procurador.

Ele destacou ainda que é importante que o poder público atente para as necessidad­es das comunidade­s tradiciona­is, principalm­ente no que concerne à garantia de direitos. “É preciso equilibrar essa balança. A monocultur­a tem que ter o seu espaço, mas as comunidade­s tradiciona­is também precisam de um espaço para que possam sobreviver. O conflito de Correntina mostra isso tudo. Todo mundo brigando pela terra. Esses conflitos não podem ter continuida­de”, falou.

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