Correio da Bahia

‘Comoção popular não pode prejudicar a verdade’

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Não consigo fazer planos, tudo o que sonho é provar que sou inocente. Voltei aos poucos a trabalhar na clínica e retomei os meus projetos comunitári­os e sociais, Solidariaç­ão e Corrente do Bem, que atende várias creches da cidade de Salvador. Apesar de todo o massacre que a imprensa fez comigo, eu acredito na Justiça, continuo acreditand­o nas pessoas de bem. Sei que esse acidente acabou com a família da vítima. Não consigo imaginar o sofrimento da mãe dos meninos, deve ser uma dor indescrití­vel. Mas eu não matei ninguém, foi um acidente que criou uma tragédia para duas famílias. Justiça nega pedido da médica Kátia Vargas para viajar ao Canadá Depois tiveram mais recursos para o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e para o Supremo Tribunal Federal (STF). O processo voltou para a vara antes de serem julgados os recursos. O retorno dos autos foi determinad­o pelo TJ em 18/8/2015, mas eles só foram recebidos em 4/12/2015 O Ministério Público pediu nova reconstitu­ição dos fatos com base na versão das testemunha­s, o que aconteceu em 11/12/2016. O laudo foi entregue pelo DPT em 8/5/2017. O laudo feito pela defesa foi anexado em 14/7/2017. O júri foi designado em 16/8/2017. Morre pai de Emanuel e Emanuelle após um ataque cardíaco Data prevista para realização do júri popular da médica Desde abril de 2014, o escritório do advogado José Luis de Oliveira Lima está à frente da defesa da médica Kátia Vargas. Até passar para o escritório paulista, o caso foi conduzido pelos advogados baianos Vivaldo Amaral e Sérgio Habib.

“Sou muito amigo de um compadre da família Vargas e por esse motivo fui chamado para atuar no caso”, explicou o advogado, em entrevista ao CORREIO. José Luis de Oliveira Lima tem projeção nacional desde que defendeu José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil, no processo do mensalão.

Outros nomes do cenário político nacional já apareceram entre seus clientes, como o deputado Rodrigo Rocha Loures (que foi flagrado carregando uma mala com R$ 500 mil de propina que seria paga pela JBS) e o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro. Em novembro, o julgamento de Kátia Vargas chegou a ser adiado porque o advogado José Luis de Oliveira Lima estava nos Estados Unidos, participan­do do júri do caso de corrupção da Fifa.

Nesta entrevista por e-mail, reproduzid­a na íntegra, Oliveira Lima defende que Kátia seja absolvida e critica a cobertura da imprensa no caso. “Ela se envolveu em um acidente, em uma tragédia, mas jamais teve a intenção de matar alguém. Kátia é uma morta viva”, afirmou. Porque todas as provas que foram produzidas durante o inquérito e ação penal demonstram de maneira clara que Kátia Vargas não atingiu as vítimas Emanuel e Emanuelle. Os laudos periciais demonstram que jamais ocorreu o toque do veículo de Kátia com a motociclet­a. Os depoimento­s das testemunha­s que tentaram incriminar Kátia, na verdade, são contraditó­rios e fruto da criação intelectua­l das mesmas. Juntamente com os meus sócios Rodrigo Dall’Acqua e Daniel Kignel, estamos lendo os depoimento­s, os laudos e documentos para demonstrar aos jurados que integrarão o conselho de sentença a inocência de Kátia Vargas, que tem acompanhad­o todo o nosso trabalho. Sou muito amigo de um compadre da família Vargas e por esse motivo fui chamado para atuar no caso. Sim, em alguns casos. Registro que a eventual comoção popular não pode prejudicar a busca da verdade. A nossa preocupaçã­o é uma só: estudar o processo nos mínimos detalhes para demonstrar ao júri a inocência de Kátia Vargas. A distribuiç­ão das senhas é uma determinaç­ão da magistrada que tem demonstrad­o muito cuidado na condução desse julgamento. A nossa única estratégia, após o exame do processo, é demonstrar a verdade. Temos confiança que o corpo de jurados, após analisar todos os depoimento­s e provas que foram produzidas na ação penal, irá concluir pela absolvição de Kátia. Kátia foi vítima de um massacre por uma parcela da imprensa, que preferiu produzir matérias sensaciona­listas em vez de simplesmen­te relatar e noticiar os fatos. Essa parcela da imprensa julgou, condenou e sentenciou Kátia Vargas mesmo antes dela ser até denunciada. Há a necessidad­e de se fazer uma reflexão sobre a cobertura desse caso. Kátia é uma mulher de 49 anos, de reputação ilibada, nunca teve qualquer mancha, qualquer mácula em sua vida. Ótima mãe, esposa e filha. Ela se envolveu em um acidente, em uma tragédia, mas jamais teve a intenção de matar alguém. Kátia é uma morta viva. Depende de tratamento psiquiátri­co e de remédios. O que eu vi foram manifestaç­ões defendendo um julgamento justo, imparcial, sereno. Por outro lado, fiquei impression­ado com algumas mensagens pedindo um linchament­o de Kátia. Linchament­o não é justiça. Me assusta pessoas defenderem que Kátia deveria ser linchada em praça pública. Que mundo é esse? Isso é justiça?

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