COMO EVITAR DOENÇAS CARDIOVASCULARES
Dois lances de escada do vestiário até o campo e a falta de ar ataca. Não deve ser nada, afinal estou há muito tempo parado. Cinco minutos de baba e a dor no peito pega de jeito. Melhor guardar as chuteiras e agendar uma visita ao cardiologista. Mas, atenção: os sintomas descritos podem até apontar problemas do coração – grupo de doenças responsável por um terço das mortes no país –, mas os sinais, em alguns casos, são silenciosos e tardam a aparecer, como a obstrução das artérias.
Em outubro, o presidente Michel Temer, 77 anos, soube que estava com três delas entupidas – uma com 90% de obstrução (ver abaixo). A situação era um pouco mais grave que a do administrador baiano José Carlos Carvalho, 68, em 2010, quando tinha 75% da artéria esquerda congestionada – acima de 70%, o caso é considerado grave.
Apesar do resultado, ele acreditava ter a saúde perfeita, até que passou por exames de rotina. Foi submetido a um cateterismo – exame que identifica problema cardíaco –, e veio o diagnóstico do entupimento, logo resolvido com a implantação de um stent – prótese de metal usada para expandir a artéria. “Não teve nenhum sintoma. Fiz o exame ergométrico, de rotina, que identificou algo de errado. O médico, então, solicitou outros exames, até me dizer que eu precisava ver o grau de obstrução das artérias”, conta.
A obstrução coronária é o acúmulo de gordura nas paredes das artérias. Quando as placas se formam, a passagem do sangue é dificultada e a chegada de oxigênio ao coração fica comprometida.
Na Bahia, entre 2015 e agosto de 2017, 3.769 cirurgias para desobstrução das artérias foram realizadas, segundo a Secretaria da Saúde do Estado (Sesab). Desse total, 670 foram implantação de stent.
Em 2014, outro susto para José Carlos: 85% da carótida estava entupida. “Meu pai teve derrame aos 59 anos. Ele era fumante. Com 69 anos, faleceu com sequelas. Apesar dos procedimentos e do histórico, continuo sedentário”, admite José, que precisa se movimentar. A implantação do novo stent no administrador aconteceu com ajuda de um cateter, que, por uma pequena incisão
Doença dos vasos sanguíneos que irrigam os membros superiores e inferiores
Formação errada na estrutura do coração existente desde a hora que a pessoa nasce
Enfermidade que prejudica os vasos sanguíneos que irrigam o cérebro
Prejudica os na região da virilha, levou o tubo até a artéria.
PRESIDENTE
Temer descobriu a obstrução em três artérias depois de uma tomografia. Duas delas receberam stent. Em uma foi preciso apenas desobstruir com a ajuda de um “cateter balão” aparelho para alargar as vias.
Segundo Nivaldo Filgueira, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia na Bahia (SBC-BA), quando a obstrução é acima de 70% requer um cuidado maior, já que o paciente pode desenvolver, por exemplo, um infarto agudo do miocárdio. “Se houver instabilização dessa placa, formada ao longo dos anos, ela entra em contato com o sangue, formando um coágulo, e é esse trombo que leva a desenvolver um infarto”, diz.
ALERTA
Conforme Júlio Braga, cardiologista e vice-presidente do Conselho Regional de Medicina da Bahia (Cremeb), pessoas vasos sanguíneos, os quais são responsáveis por irrigar o músculo cardíaco
Danos no músculo do coração e válvulas cardíacas devido à febre reumática, causada por bactérias estreptocócicas são coágulos sanguíneos nas veias das pernas, que podem se deslocar para o coração e até os pulmões com histórico familiar de doença coronariana, diabéticos, hipertensos e com colesterol alto são mais propensas a desenvolver doença cardíaca.
O alerta deve ser maior para homens que têm pai ou irmãos que desenvolveram problemas cardíacos com menos de 55 anos. Para as mulheres, a atenção deve ser redobrada quando há histórico de problemas com a mãe e irmãs com menos de 65 anos.
“Há outras formas de desenvolver o problema quando, por exemplo, o indivíduo leva uma vida sedentária, ou é fumante. Mas, claro, as chances são maiores para quem apresenta o histórico familiar”, explica.
Ainda segundo o cardiologista, com as placas de gorduras formadas, as veias passam a ficar enrijecidas, dificultando ainda mais a chegada do sangue ao órgão.
PREVENÇÃO
De acordo com o Ministério da Saúde, em 2015, foram registrados no Brasil 350.346 óbitos em decorrência de doenças cardiovasculares – mil mortes por dia. São duas vezes mais vítimas que as causadas por todos tipos de câncer reunidos e 2,5 vezes mais que a terceira causa de mortes no país – acidente de trânsito.
O cardiologista Gilson Feitosa Filho afirma que a melhor forma de prevenir a doença é passando por check-ups médicos periódicos. “Dependendo da condição da saúde, só um médico pode minimizar o risco (infarto). A avaliação médica permite ver quem tem mais risco de ter um evento cardíaco para, posteriormente, analisar a artéria coronária”, pontua ele. Veja outras dicas ao lado. Fazer exercícios Deixar o sedentarismo pode garantir muitos anos de vida a mais. Os exercícios melhoram o funcionamento do coração e afastam as doenças. Com o coração saudável, também não será necessário remédio para hipertensão. A atividade física ainda melhora o funcionamento do cérebro, dos pulmões, sem contar o desempenho sexual.
Controlar o peso Obesidade em excesso prejudica a saúde. Tente manter o índice de massa corpórea (IMC) entre 20 e 25. Além das doenças do coração, o excesso de peso influi na diabetes, hipertensão e colesterol alto.
Não fumar As doenças causadas ou agravadas pelo fumo correspondem a 63% das mortes no mundo. Até 2030, serão oito milhões de vítimas. O cigarro começa a destruir o DNA do fumante minutos após a fumaça ser inalada.
Controlar a pressão arterial Dê uma olhada na sua pressão com frequência. Veja se ela está acima de 12/8, valor considerado normal. Se tiver histórico na família de hipertensão, acompanhe ainda mais de perto, especialmente a partir dos 30 anos. O sal deve ser bastante dosado. Evite também se estressar à toa.
Dieta e colesterol Açúcar, sal e gordura, só na medida certa. Legumes, verduras e frutas são sempre bons itens a serem consumidos. Entre as carnes, prefira as magras. É importante ficar de olho no colesterol: quatro em cada dez brasileiros têm colesterol alto, e isso é um fator de risco.