Correio da Bahia

Obrigado, Chape!

- Vitor Villar

O Vitória esteve por alguns segundos na Série B. Foi isso que o time, em campo, fez por onde. Nos minutos finais, os mais de 29 mil rubro-negros que fielmente comparecer­am ao Barradão tiveram que abandonar a esperança no próprio time. Viraram torcedores da Chapecoens­e. E a Chape foi fiel: graças a ela a dura realidade foi amenizada, e o Leão pode dizer que está na Série A do ano que vem.

Não há como escolher um personagem mais marcante para o jogo e para a temporada do que o Barradão e a sua torcida. Afinal, foi ele quem mais foi injustiçad­o. Recebeu críticas e foi acusado de estar até com mau-olhado. Mas a culpa, e isso ficou muito claro ontem, não era do estádio. Muito menos da sua torcida.

Até os 48 minutos, o estádio lotado cantava o famoso “Vi-tó-ria” e apoiava o time. Quando Caíque Sá cometeu falta na entrada da área e foi expulso, a galera se revoltou, mas com o próprio jogador. A apreensão se espalhou por toda parte. Quando a bola tocou na mão de Uillian Correia e o pênalti foi marcado, todos já temiam pelo pior. Com o pênalti de Diego convertido aos 50 minutos da etapa final, a sensação na arquibanca­da já era de revolta. O final infeliz era inevitável. Quem mais poderia ajudar?

O alívio veio como um burburinho que tomou conta do estádio. A Chape, com Túlio de Melo, teria marcado o segundo gol sobre o Coritiba. “É verdade? É sério?”, gritaram alguns enquanto se entreolhav­am. Aos poucos, todos foram entendendo que sim, aquilo era real. E assim o grito de gol, alguns segundos após a virada do Fla, tomou conta do Barradão. Era um cenário surreal: quase 30 mil torcedores celebrando o gol de outro time.

O alívio veio. A revolta, porém, não cessou. O coro que veio da torcida após o apito final refletiu esse sentimento misto de alívio e revolta. Irritação com o “time sem vergonha” que cantaram num primeiro momento, quando os jogadores foram saudar a torcida. Alívio pelo “vamos, vamos Chape” com que completara­m o canto. 30 mil rubro-negros não exaltaram o próprio time. Cantaram pela Chape. O Vitória precisará passar por uma autoanális­e nos próximos meses. Entender o porquê de uma campanha tão sofrida e o que aconteceu com o Barradão. Pelo menos, fará isso na Série A.

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Autor do gol da vitória sobre o Coritiba, Túlio de Melo é abraçado por Neto e Alan Ruschel, sobreviven­tes do acidente aéreo de 2016
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Goleiro Fernando Miguel recebe o carinho do funcionári­o depois da partida. Jogador saiu de campo bastante emocionado
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vitor.villar@redebahia.com.br

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