Correio da Bahia

A cara do samba

- LUAN SANTOS

A pouco menos de três meses do Carnaval, o circuito Osmar (Campo Grande) se transformo­u num verdadeiro sambódromo neste domingo durante a 12ª edição da Caminhada do Samba, que reuniu nove trios dos blocos que integram a União das Entidades de Samba da Bahia (Unesamba) e atraiu milhares de pessoas para a avenida.

O evento, que integra as comemoraçõ­es do Dia do Samba festejado no último sábado (2), homenageou o cantor e compositor baiano Walmir Lima – que celebra 70 anos de carreira e tornou-se referência nacional – e cantora e compositor­a, Claudete Macedo, referência da década de ouro do rádio.

Prévia do desfile dos blocos de samba no Carnaval de Salvador, a caminhada atraiu várias gerações. Enquanto algumas pessoas preferiram as camisetas do próprio evento, trocadas por latas de leite em pó, o grupo liderado pelo comerciant­e Leandro Valadares, 28, foi com camisas personaliz­adas. “Nós participam­os há três anos. Nesse, fizemos nossas próprias camisas. Para nós, é o começo do Carnaval”, conta ele, que integra o grupo de cerca de 20 amigos. Eles seguiram o bloco Pagode Total, comandado pela banda É O Tchan. O cantor Compadre Washington, antes de iniciar a apresentaç­ão, pregou a paz ao cumpriment­ar o público. “O samba é paz, alegria, é isso que estamos celebrando aqui”, declarou.

A paz foi uma das temáticas da caminhada, tanto que os organizado­res pediram que os foliões fossem para a avenida de branco. Alguns deles até atenderam, mas a avenida ficou mesmo colorida com a diversidad­e de estilos adotados pelos que acompanhar­am ao desfile dos trios. Além dos estilos diversos, gerações variadas também marcaram presença. Jovens, adultos, crianças e idosos foram ao Campo Grande e se divertiram com clássicos do samba, como Não Deixe o Samba Morrer e Cheia de Manias, até apostas para o próximo Carnaval, como Coroa e a Novinha, do É O Tchan.

A aposentada Justina Ramos, 83 anos, não parou de dançar por um minuto. Acompanhad­a por familiares, ela se concentrou em frente à praça do Campo Grande para assistir aos shows. A professora Aline Almeida, 32, levou a filha Maria, de 6 anos, para ver as apresentaç­ões. Ela considera a caminhada um dos mais importante­s eventos culturais de Salvador. “As atrações da caminhada normalment­e ainda preservam a raiz do samba, que reflete a nossa sociedade”, pontua. Enquanto isso, a pequena Maria dançava atrás do Alerta Geral. “Quero que ela, desde pequena, tenha orgulho dessa música que está no nosso sangue”, diz a mãe.

Além do É O Tchan, se apresentar­am as bandas Bambeia (no bloco Alvorada), Miudinho (Alerta Geral), Movimento (Amor & Paixão), Deny Palma (Reduto do Samba), Fora da Mídia (Vem Sambar), A Grande Família (Samba Popular), Fuzukda (Proibido Proibir) e Patrulha do Samba (Q Felicidade). Todas essas entidades integram a Unesamba, criada em 2005 com o objetivo de preservar a origem e essência do samba na Bahia.

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Pandeiro na mão, o compositor Nêgo Júlio era só alegria
 ??  ?? Públicos de diversas gerações, como a aposentada Justina Ramos, 83 anos, foram ao Campo Grande para acompanhar as apresentaç­ões
Públicos de diversas gerações, como a aposentada Justina Ramos, 83 anos, foram ao Campo Grande para acompanhar as apresentaç­ões
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