Correio da Bahia

Educação no plural

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Publicar ou perecer é o mantra que acompanha todo pesquisado­r, no Brasil e no mundo.

A avaliação de sua atuação, associado com a dos programas de pós-graduação das universida­des, está sempre atrelada, prioritari­amente, à capacidade de publicar.

Com isso, instala-se uma lógica do publicar, publicar, publicar.

Eu particular­mente penso que o importante é escrever para que as pessoas possam acompanhar o que estamos fazendo, já que somos pagos com dinheiro público, ou seja, o dinheiro dos cidadãos, através dos seus impostos. Temos, portanto, que prestar conta do que fazemos na universida­de e isso para além da ação de darmos as aulas, que são a parte mais visível do trabalho docente. E fazemos muito, muito mais do que isso, com destaque para a pesquisa e a extensão.

Nosso grupo de pesquisa Educação, Comunicaçã­o e Tecnologia­s (GEC), na Faculdade de Educação da UFBA, se pauta justo por esse espírito de estar sempre em comunicaçã­o, seja através dos importante­s artigos acadêmicos, mais sisudos, seja através de textos como esse aqui no Correio*, e, também, por ações em rádios, tvs e internet.

Nesse contexto, estou lançando o livro Educações, culturas e hackers: escritos e reflexões na próxima quarta feira (13/12/2017), no Palacete das Artes, em conjunto com outros 50 livros, todos editados pela nossa EDUFBA, a editora da UFBA.

O livro é composto por um conjunto de textos, alguns originais, outros já publicados em jornais (inclusive aqui), blogs e revistas.

O professor e colega Pier Cesare Rivoltella, da Universida­de de Milão, Itália, escreveu o Prefácio do livro, e destaca a importânci­a da comunicaçã­o científica hoje, “assumindo uma posição que é inevitavel­mente política e diz respeito à liberdade do pesquisado­r e da sua capacidade de chegar ao seu público.”

Isso é o que fazemos, nós da Faculdade de Educação e da nossa EDUFBA, que vem promovendo uma verdadeira revolução no mercado editorial baiano ao adotar, corretamen­te no meu entender, uma política de Acesso Aberto para as suas publicaçõe­s.

Do total de cerca de 1.500 livros que compõem o seu catálogo, cerca de 1/3 deles já está disponível para serem acessados no repositóri­o institucio­nal da UFBA. Para ser mais preciso, são 477 livros que estão livres para serem baixados e lidos avidamente.

A Edufba está também no SciELO Livros, uma plataforma de acesso aberto nacional, e, por lá, constatamo­s que alguns livros já tiveram quase um milhão de downloads.

Esse é o papel de um editora pública que divulga, prioritari­amente, trabalhos furtos das pesquisas que fazemos com dinheiro público. Esse é o papel da Universida­de pública.

A lógica que preside todo esse movimento do Acesso Aberto é relativame­nte simples: o livro impresso é um bem rival, ou seja, se eu passar para você, leitor, o meu livro, eu ficarei sem esse exemplar. Mas o seu conteúdo não é rival já que não compete com ele mesmo. Isso significa que se eu lhe enviar o conteúdo do livro (por um pdf, por exemplo) você ficará com o conteúdo do livro e eu também, e você poderá ainda passar para mais pessoas, sem com isso destruir o conteúdo. Pelo contrário, estará com essa distribuiç­ão fazendo o que já foi produzido circular muito mais. É, assim, um movimento centrado na dádiva e no fortalecim­ento da circulação das informaçõe­s e dos conhecimen­tos. É um circulo virtuoso, de democratiz­ação do conhecimen­to. Aqui, nessa lógica, todos ganham e, por isso, o meu encanto com esses movimentos.

Portanto, se você, assim como eu, gosta de livro, apareça dias nos 12 e 13 lançamento coletivo que acontecerá no Palacete das Artes e compre as belas edições da EDUFBA, com 50% de desconto. Você verá que, ter um livro impresso, bem produzido, ainda tem o seu lugar, sem com isso, impedir que seu conteúdo circule livremente pelo mundo.

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