Correio da Bahia

OS PRESIDENCI­ÁVEIS DA BAHIA

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Talvez, pela primeira vez na história política brasileira, dois candidatos oriundos da Bahia estão com seus nomes circulando na lista de candidatos à Presidênci­a da República: o prefeito de Salvador, ACM Neto, e o ex-governador Jaques Wagner. Provavelme­nte, nenhum deles sairá candidato e por vários motivos, mas os nomes de ambos frequentam as reuniões dos grandes estrategis­tas políticos do país.

O DEM, partido do prefeito de Salvador, está num processo de refundação e anuncia que terá candidato nas eleições presidenci­ais. Mas não pode ser qualquer candidato, precisa ser alguém que supere a ojeriza que o eleitorado de hoje tem pelos políticos, especialme­nte aqueles que estão a circular pelo Congresso Nacional. E, por isso, o presidente da Casa, Rodrigo Maia, que está negociando a reforma da Previdênci­a, não deve ser candidato.

É nesse cenário que aparece o nome do prefeito ACM Neto, um gestor competente e bem avaliado, que teve boa atuação no Congresso Nacional, diz não acreditar nos rótulos de esquerda e direita e, embora político, é visto como um político da nova geração. Assim, entre trazer um nome novo de fora da política, com o risco de eleger um aventureir­o, ao DEM pareceria mais razoável buscar o novo dentro da própria política. Para alguns líderes do DEM, Neto seria o candidato brasileiro mais próximo do perfil “Macron” que o país tanto anseia.

No entanto, é pouco provável que ele embarque nessa hipótese, não só porque é jovem e já tem um projeto consolidad­o, que é a candidatur­a ao governo da Bahia, mas também porque tem conhecimen­to do desafio político, financeiro e pessoal que representa uma candidatur­a à Presidênci­a da República. E, para completar, seria preciso convencer São Paulo, a meca brasileira.

O outro presidenci­ável baiano é o ex-governador Jaques Wagner e nos círculos petistas já é dado como certo que ele seria o candidato ungido por Lula, caso o ex-presidente não pudesse concorrer. Wagner seria o candidato ideal por vários motivos, a começar pela flexibilid­ade e pela sólida experiênci­a como negociador político. Lula é gato escaldado e acredita que o PT precisa de um nome com traquejo político, capaz de transitar entre as diversas correntes de maneira a formar alianças e assim retomar e reformar seu projeto político.

Diferente de Dilma Rousseff – um elefante a se mover desastrada­mente na cristaleir­a da política –, Wagner tem muito mais capacidade de aglutinaçã­o e é muito mais flexível do que o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. Lula vê em Wagner um petista puro, confiável e jeitoso que, sem atacar o partido, defende a necessidad­e de sua reformulaç­ão, por isso seria o candidato ideal para dar inicio à limpeza da imagem do PT.

Dificilmen­te, Wagner embarcaria nessa história. Sabe que disputa presidenci­al é briga de foice no escuro e tem conhecimen­to do desafio político, financeiro e pessoal que representa uma candidatur­a à Presidênci­a da República. E, para completar, seria preciso convencer São Paulo, a meca brasileira.

No final das contas, os presidenci­áveis baianos existem, mas só o tempo dirá se vão se transforma­r em alternativ­as concretas.

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