Em ano difícil, Salvador avança e se torna o 9º PIB
A crise que impactou a economia brasileira em 2015 atingiu com intensidades diferentes os 5.570 municípios brasileiros. Melhor para Salvador. A soma de todas as riquezas produzidas na capital baiana passou de R$ 56,6 bilhões em 2014 para R$ 57,9 bilhões no ano seguinte. Com o desempenho, Salvador ultrapassou Campos do Goytacazes (RJ) – impactada pela crise na indústria do petróleo – e passou a ter o 9º maior Produto Interno Bruto (PIB) entre os municípios brasileiros.
Na comparação com as demais cidades da região Nordeste, Salvador permanece como a de maior PIB, seguida por Fortaleza, capital do Ceará, e de Recife (PE), de acordo com a pesquisa Produto Interno Bruto dos Municípios 2015, que foi divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entre as cidades baianas, o segundo lugar fica para Camaçari, que concentra um grande número de indústrias, e Feira de Santana, polo de comércio e serviços no interior do estado.
São Francisco do Conde, que ocupa a 4ª posição entre os municípios baianos, graças à indústria de refino de petróleo, é a que possui o maior PIB per capita – cálculo em que se divide o valor total pela população – da Bahia. Com uma população de 39.329 pessoas e um PIB de R$ 8,6 bilhões, a cidade baiana apresenta um PIB por habitante de R$ 219.845,83 e aparece como a 8ª no ranking nacional nesse critério.
ANO DIFÍCIL
Para entender as movimentações no PIB dos municípios é importante lembrar o cenário econômico em 2015. O Brasil vivia uma recessão na economia impulsionada pelas quedas de preços no mercado internacional de produtos importantes – como petróleo, minério de ferro e grãos –, além de uma crise política. No ano em que a Operação Lava Jato ganhou força, as operações da Petrobras foram fortemente impactadas.
O cenário impactou mais fortemente as capitais, lembra o gerente de contas regionais do IBGE, Frederico Cunha. “Primeiramente, deixo claro que entre 2014 e 2015 o Brasil teve séria queda do PIB, o que afetou muito a relação entre capitais e outros municípios e até a economia do estado - isso afetou porque a administração pública influencia muito no PIB da capital”, explica.
Segundo Cunha, o setor de comércio e serviços, importante para as capitais, demorou para ser impactado pela crise. Isto e o fato de Salvador sediar a estrutura administrativa do estado ajudam a explicar a posição conquistada no ranking. “As capitais concentram uma economia voltada para a administração pública. Esse foi um dos motivos que levaram Salvador a ganhar essa posição. Salvador ainda depende muito de serviços – o impacto deles sobre o PIB não é tão imediato quanto das atividades industriais”, diz.
O coordenador de Contas Regionais e Finanças Públicas da SEI, João Paulo Caetano Santos, considera a capital e São Francisco do Conde como os destaques da Bahia na pesquisa. “O destaque fica pela recuperação de São Francisco do Conde e Salvador, que se sobressai como a maior economia do Nordeste” ressalta.
Capital baiana sobe uma posição entre municípios mais ricos do país
CONCENTRAÇÃO
Em meio à recessão econômica, a riqueza permanecia concentrada no país. Em 2015, sete municípios detinham um quarto da economia brasileira. Os maiores geradores de riqueza naquele ano foram: São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Curitiba, Manaus e Porto Alegre. Juntos, esses municípios representavam 24,9% de toda a riqueza nacional, embora reunissem apenas 14,3% da população.
São Paulo respondia sozinho por 10,9% do PIB brasileiro, 0,1 ponto percentual a mais do que no ano anterior, totalizando uma geração de R$ 650,545 bilhões no ano.
Segundo o IBGE, não houve alteração significativa na fatia