Advogado sacou R$ 7 milhões, diz família
A família de Valdi Pereira Fontes disse que o petroleiro conheceu Arivaldo em Alagoinhas, onde também o advogado viveu por anos. “Ele morou lá há mais de 30 anos. Conheceu meu marido, que o procurou em 1999, já que ele era famoso na cidade. Meu marido não o chama de ‘doutor Arivaldo’, sempre de ‘Ari’ ou ‘amigo’. Ele confiava de olhos fechados nele, tanto que quando perguntávamos pela ação, Valdi dizia que não tínhamos que nos preocupar, que Arivaldo estava cuidando de tudo”, afirma Marilene Reis Fontes, mulher do petroleiro falecido.
Entre 2010 e 2012 – ano do falecimento de Valdi – Arivaldo repassou para a família do petroleiro R$ 2.187.500. No entanto, um dos filhos do petroleiro, o contador Glauber Erik Reis Fontes procurou o então advogado do pai e solicitou uma prestação de contas. Arivaldo disse que não tinha recibo por causa do inventário. “Mas exigi, pois precisava prestar conta à família. Ele não sabia que eu sou contador e levou um susto. Não contava com isso. Desde então, não atendia as minhas ligações. Foi quando desconfiamos de tudo”, conta Glauber.
A certeza da irregularidade veio quando a família foi ao cartório onde tramitava o processo trabalhista e descobriu que o advogado havia retirado os R$ 7.145.179,13 referente à indenização.
À época, Arivaldo já estava com escritório em Salvador, no Comércio, em Salvador. “Fui três vezes ao escritório dele. Sempre exigindo os cheques referentes aos depósitos. Saía cedo de Alagoinhas e quando chegava lá, era sempre a mesma enrolação, dizendo pelo fato de ser interior, a microfilmagem dos cheques demorava para chegar ou então inventava uma desculpa qualquer. Tentava ganhar a gente chamando a nossa família para passar um final de semana na fazenda dele”, conta Marilene.
Diante das inúmeras desculpas para não prestar contas, a família de Valdi contratou Fernando Nonato, único advogado que aceitou pegar o caso. Além da ação para reaver a quantia corrigida, a família do petroleiro quer que Arivaldo tenha o registro profissional cassado e para isso ingressou com uma representação na OAB-BA. “Não é possível que ele continue atuando no mercado. Mas ele sabe da certeza da impunidade. Nunca foi a uma audiência. Sempre envia um atesto médico. A gente conta ainda com a morosidade da própria OAB”, declara Glauber. Para Fernando Nonato, a situação é lamentável. “Obviamente, desvios maculam a imagem da advocacia em geral e, neste sentido, uma atuação firme e célere do Tribunal de Ética Disciplinar da OAB-BA se faz imprescindível para preservar a maioria de profissionais honestos e comprometidos. Estou certo, porém, de que a situação será corrigida”, declarou Nonato.