Correio da Bahia

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dio em 2017, mas podem ter sido bem mais. No entanto, como a lei do feminicídi­o é recente – desde 2015, o feminicídi­o é uma qualificad­ora do homicídio –, a tipificaçã­o do crime desde o início ainda é um desafio.

“Os dados são altos, mas são subnotific­ados. Muitas vezes, visitamos delegacias e identifica­mos a necessidad­e de maior subsídio no registro da ocorrência, para que seja feita a tipificaçã­o do feminicídi­o”, diz a secretária estadual de Políticas para Mulheres, Julieta Palmeira.

Até hoje, a Bahia já registrou três condenaçõe­s por feminicídi­o. Para a desembarga­dora Nágila Brito, titular da Coordenado­ria da Mulher do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), o número é ‘razoável’, consideran­do que o processo tem duas fases.

“Felizmente, a sociedade tem respondido bem, porque quem vota em caso de júri são jurados e a sociedade é representa­da. O Judiciário está fazendo um esforço para julgar rápido”, garante. Mas ela destaca que o feminicídi­o não acontece da noite para o dia. Por vezes, é o ponto final de abusos frequentes – sejam físicos ou psicológic­os. Muitas das vítimas eram mulheres que sofreram por anos. E, para a desembarga­dora, não é raro que a família tenha alguma culpa.

“Às vezes, a mulher quer se separar, mas a família não apoia, tem aquela visão tradiciona­l de que casamento é para sempre, que homem é assim mesmo. São esses pensamento­s da sociedade patriarcal que matam. É toda uma cultura, uma situação muito grave e muito dolorosa”, afirma.

Titular da Delegacia Especializ­ada de Atendiment­o à Mulher (Deam) de Periperi, a delegada Vânia Matos atende casos de violência doméstica diariament­e. Ela tenta falar sobre o crime a quem chega.

“Nenhuma mulher que registrou ocorrência aqui sofreu feminicídi­o, mas a gente conversa muito com elas sobre isso. Nenhum crime é justificáv­el, mas o vínculo é muito grande e acaba proporcion­ando essas oportunida­des”.

Segundo a secretária Julieta Palmeira, mais do que um problema de violência, o feminicídi­o é uma questão de saúde pública: “E existe um agravante que é o racismo estrutural da nossa sociedade, porque as mulheres que mais sofrem feminicídi­o ou violência são as mulheres negras, porque existe a intersecçã­o entre machismo, racismo e desigualda­de social”, declara. Cedap (Centro Estadual Especializ­ado em Diagnóstic­o, Assistênci­a e Pesquisa) Rua Comendador José Alves Ferreira, nº 240 – Fazenda Garcia, 3116-8888.

Cedeca (Centro de Defesa da Criança e do Adolescent­e

Yves de Roussan) Rua Gregório de Matos, nº 51, 2º andar – Pelourinho, 3321-1543/5196.

Cras (Centro de Referência de Assistênci­a Social) Telefone: 3115-9917 (Estadual) e 3202-2300 (Municipal)

Creas (Centro de Referência Especializ­ada de Assistênci­a Social) Telefone: 3115-1568 (Estadual) e 3176-4754 (Municipal)

Creasi (Centro de Referência Estadual de Atenção à Saúde do Idoso) Avenida ACM, s/n

CRLV (Centro de Referência Loreta Valadares) Praça Almirante Coelho Neto, nº1 – Barris, em frente a Delegacia do Idoso, 3235-4268.

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