Maluf tem doença grave, mas pode ser tratado na Papuda, diz perícia
DECISÃO O Instituto Médico-Legal de Brasília concluiu que o deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) pode continuar preso no Centro de Detenção Provisória do Complexo da Papuda. A defesa do parlamentar pediu transferência para prisão domiciliar em razão de seu estado de saúde. Antes de decidir, o juiz Bruno Aielo Macacari, da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal, solicitou aos advogados e ao Ministério Público manifestação sobre o laudo em cinco dias. Ontem, o magistrado negou a presença de um médico de Maluf na prisão. A perícia conduzida pelos legistas Hildeci Resende e Gustavo Neves apontou “doença grave” de Maluf, mas destacou que o deputado não precisa de “cuidados contínuos que não possam ser prestados” na cadeia. O laudo foi divulgado ontem e os exames, realizados na sexta-feira passada, quando Maluf chegou a Brasília após passar dois dias na carceragem da Polícia Federal em São Paulo. Ele foi condenado, em maio, pelo Supremo Tribunal Federal a 7 anos, 9 meses e 10 dias de prisão por lavagem de dinheiro de desvios em obras, quando era prefeito de São Paulo (1993-1996). Na terça-feira passada, o ministro Edson Fachin ordenou a execução da pena em regime fechado. Desde então, os advogados Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, e Ricardo Tosto pedem prisão domiciliar sob alegação de idade avançada, 86 anos, e saúde fragilizada - dificuldade de locomoção e câncer. De acordo com o laudo do IML, Maluf tem “alterações degenerativas da coluna lombar e adenocarcinoma metastático de próstata (tumor maligno)”. “Apesar de se apresentar clinicamente bem no presente momento, existe a possibilidade de deterioração progressiva e até mesmo rápida do quadro clínico a depender do comportamento evolutivo do câncer de próstata”, escreveram os legistas. No laudo, os médicos sugeriram “acompanhamento ambulatorial especializado” no Complexo da Papuda. Ainda segundo os peritos, Maluf está “lúcido, orientado no tempo e espaço, (tem) discurso coerente, memória preservada e boa cognição”. Os advogados do deputado, em nota, afirmaram que o laudo confirma a argumentação da defesa. “Se algo acontecer com o doutor Paulo na prisão vai ser um escândalo”.