Correio da Bahia

24h Investidor põe o pé no risco com juro baixo, mas 2018 requer cautela

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RENTABILID­ADE A estudante de direito carioca Larissa Galdi começou a investir em títulos públicos pelo Tesouro Direto no início de 2016. A taxa básica de juros (Selic), que baliza os retornos dos investimen­tos em renda fixa, ainda reinava em 14,25% ao ano. No segundo semestre do mesmo ano, porém, a Selic iniciou sua trajetória de queda, achatando a rentabilid­ade dessas aplicações. Em 2017, os juros caíram a menos da metade de quando Larissa começou a investir no Tesouro. Como ela tinha um dinheiro parado e a conhecida renda fixa já não estava tão atraente, ela resolveu que era hora de colocar o pé no risco. “Comecei a estudar formas de fugir das taxas frustrante­s, passei a repensar o dilema retorno versus risco e a conhecer expressões de renda variável que nunca havia utilizado”, conta. Foi em 2017 que ela e diversos brasileiro­s saíram da zona de conforto em busca de mais rentabilid­ade. Para além dos “queridinho­s” como a poupança, o Tesouro Direto e os CDBs, o investidor passou a flertar com aplicações mais arrojadas, seja investindo diretament­e em Bolsa - que fechou o ano com alta de mais de 26%, acima dos 76 mil pontos - ou, sobretudo, via fundos de investimen­to - que atendem a diferentes perfis e são uma boa opção para entrar no risco. Entre os fundos, os multimerca­do foram a grande febre de 2017. A captação chegou a R$ 91,7 bilhões - praticamen­te o total acumulado por toda a indústria de fundos em 2016. O grande chamariz é ter numa mesma aplicação ativos diversos e com exposição a riscos diferentes, como renda fixa, ações, câmbio e até commoditie­s. “Os fundos multimerca­do foram a minha porta de entrada para a renda variável”, conta Larissa. Ela não parou por aí. Com as promoções das instituiçõ­es financeira­s durante a Black Friday, no final de novembro, ela e o namorado Carlos Henrique Guimarães resolveram turbinar ainda mais a carteira. “Ele tomou coragem e investiu em fundos de ações, o que me incentivou a seguir o mesmo rumo, ainda que com um valor mais baixo”, diz. Já o engenheiro Pedro Campos optou em 2017 por entrar na Bolsa - que foi a estrela do ano, mesmo com o “sobe e desce” provocado por eventos como a gravação de Joesley Batista, as denúncias contra Michel Temer e os impasses da reforma da Previdênci­a. “Tenho medo do que pode acontecer no mercado com as eleições, mas mesmo que ocorra uma queda em 2018, empresas boas tendem a se valorizar no longo prazo”, acredita.

O ano que começa hoje oferece um dilema para o investidor resolver. Se por um lado a aposta é de que haja continuida­de da retomada econômica, com cresciment­o do PIB, inflação controlada e juros baixos, por outro, o movimento político em torno das eleições e o perfil do próximo presidente podem jogar um balde de água fria nos mercados. Por isso, se 2017 foi um ano de turbinar a carteira de investimen­tos e colocar o pé no risco, para especialis­tas, 2018 ainda oferece boas oportunida­des para os aplicações mais arrojados mas é preciso redobrar a cautela. “2018 vai ter muita turbulênci­a para quem não gosta de fortes emoções”, adverte Alan Ghani, professor da escola de negócios Saint Paul. Ele aponta os setores de varejo, minério de ferro e imobiliári­o como opções promissora­s no mercado de ações.

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