Correio da Bahia

Juro real segurou renda fixa em 2017, mas deve cair este ano

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SELIC O tombo da Selic de 14,25% para 7% ao ano do segundo semestre de 2016 para cá desafiou o investidor brasileiro, apegado à renda fixa e acostumado à rentabilid­ade de 1% ao mês sem ter de correr qualquer risco, como em Bolsa. No entanto, apesar do recuo das taxas desses investimen­tos, a forte desacelera­ção da inflação no ano passado garantiu ganho real mesmo nas aplicações mais conservado­ras. Para 2018, porém, esse cenário não deve se repetir. Quando a Selic atingiu a então mínima de 7,25% ao ano, em 2012, eram necessário­s 96 anos para que o investidor dobrasse o poder de compra dos recursos investidos em uma aplicação de renda fixa. Já em 2017, apesar de o juro estar ainda mais baixo, em 7% ao ano, são necessário­s 22 anos para se dobrar o patrimônio menos de um quarto do período. O tempo é menor até na comparação com o final de 2015, quando a Selic estava em 14,25% ao ano. A rentabilid­ade, apesar de alta, foi corroída por uma inflação também de dois dígitos, sendo necessário­s 53 anos para se dobrar o patrimônio. Os cálculos são da professora do Ibre/FGV e planejador­a financeira Myrian Lund. Foi considerad­o Imposto de Renda de 15% e uma inflação de 2,78% para 2017. “Apesar da queda de juros, quem aplicou em renda fixa em 2017 se deu bem, pois a taxa real foi alta”, explica Myrian. Se confirmada a projeção do Banco Central, de inflação de 2,78% em 2017, o ganho real líquido (menos inflação e IR) do ano passado será, mesmo com o tombo da Selic, superior ao observado em 2016 - 5,52% ante 5,28%. Esse cenário, porém, não deve se repetir em 2018. Segundo o último boletim Focus, o mercado espera inflação de 3,98% para este ano. Com isso, o ganho real líquido das aplicações será de apenas 1,62%.

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