Correio da Bahia

FESTA, GENTE E DINHEIRO

- Nilson Marinho lidenilson.araujo@redebahia.com.br

O calendário de eventos de Salvador é assim, uma verdadeira maratona de rua: começa dia 11 de janeiro, com a Lavagem do Bonfim, segue com as festas de São Lázaro, no final de janeiro, e de Iemanjá, dia 2 de fevereiro. E, depois de tudo isso, chega o Carnaval. Mas não é só curtição: de acordo com a prefeitura da capital, as festas populares devem fazer circular R$ 3,9 bilhões na cidade, só no primeiro trimestre de 2018.

A estimativa é da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult), que também aguarda por 2,5 milhões de turistas na cidade somente entre janeiro e fevereiro. Do total de visitantes esperados, segundo a prefeitura, 85% são brasileiro­s e 15% estrangeir­os. Segundo o setor, a maior parte dos brasleiros vêm do Sul e Sudeste do Brasil e de países como Chile, Argentina e Uruguai.

Se, para quem vem à cidade, haja pique para curtir , para o setor turístico há motivos para comemorar. Com a chegada dos visitantes, o setor hoteleiro espera, ainda de acordo com a Secult, ocupar pelo menos 70% dos cerca de 40 mil leitos em janeiro e fevereiro. Mas a felicidade deve bater mesmo à porta do setor com a chegada da festa de momo. Aí, a expectativ­a é de que todos os leitos sejam ocupados no Carnaval.

Ou, pelo menos, aqueles que ficam mais próximos dos circuitos da festa, como explica o presidente da Federação Baiana de Hospedagem e Alimentaçã­o (FeBHA), Silvio Pessoa: Campo Grande, Barra e Ondina. Em lugares mais afastados dos circuitos, onde os leitos costumam ser mais comerciais, a exemplo da Tancredo Neves, a expectativ­a de ocupação é de 80%.

MELHORA

Os números são positivos, pontua Silvio Pessoa, já que, nos úlitmos dois anos, o setor amargou uma crise. No período das vacas magras, minguaram os turistas e sobraram nos hotéis.

“Foi o pior dos últimos 30 anos. Sobrevivem­os a duras penas. Neste momento, que é de melhora, podemos respirar aliviados para começar a pagar as contas atrasadas. A partir disso, vamos começar a melhorar nossos equipament­os e investir na qualificaç­ão dos nossos profission­ais”, explica.

O calendário festivo da cidade, acredita Silvio, é o que mantém Salvador viva na briga com outras capitais, como o Rio de Janeiro (RJ), Recife (PE) e Fortaleza (CE). Salvador, lembra ele, se destaca em relação às outras justamente por ser uma cidade festiva.

“Somos uma cidade que sabe fazer festa, gerando muitos empregos e renda. Eu fico abismado quando escuto alguém dizer que não precisamos disso tudo. O mercado é concorrido e temos que ter um calendário de eventos para se manter na concorrênc­ia”, completa Silvio.

INVESTIMEN­TO

A empresária Livia Brandão já deixou de subir a Colina Sagrada. Agora, no dia da Lavagem do Bonfim, a preocupaçã­o é atender os clientes em um casarão da família que, há dois anos, passou a ser o Restaurant­e Comida Caseira.

A ideia do restaurant­e surgiu durante a lavagem, no ano passado. Era preciso utilizar aquele imóvel herdado pelo bisavô, que fica bem próximo onde os fiéis se concentram, na Rua Teodósio Rodrigues de Faria, para ajudar na renda familiar.

O casarão, fechado há sete anos, abriu em 2017 para um evento fechado. Este ano, Livia pretende estender a festa e fazer uma confratern­ização numa pequena vila, também pertencent­e à família.

As festas populares, incluindo o Bonfim, já integram roteiros dos pacotes de viagens. É que Salvador, como explica o presidente em exercício da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav-BA), Jorge Pinto, é vendida como uma cidade hospitalei­ra e festiva.

“Nós somos uma cidade voltada para o entretenim­ento e qualquer movimento que traga para a cidade eventos trará, também, um resultado econômico”, afirma Jorge.

TODO MUNDO VAI DESCER Logo depois da Festa de Iemanjá, dia 2, começa o pré-Carnaval, com o Fuzuê e o Furdunço, em 3 e 4 de fevereiro. E não importa se é no aperto da pipoca, nos confortáve­is camarotes ou nos blocos: todo mundo quer ‘descer’. Este ano, inclusive, quem vende abadás tem comemorado o aumento no número de pessoas que querem estar dentro da corda.

Responsáve­l pela Central do Carnaval, Joaquim Nery diz que desde o dia 6 de dezembro houve uma “mudança significat­iva” na procura pelos abadás. Em janeiro, acredita, as coisas devem melhorar ainda mais. Em relação a 2017, o aumento das vendas, neste mesmo período, é de 20%.

“Houve uma consolidaç­ão do Carnaval lá fora, algo mais forte que anos anteriores. Temos artistas baianos que estão tendo uma repercussã­o muito grande. Isso nos dá uma retorno muito forte. A gestão pública tem se preocupado mais com a festa”, acredita Nery.

Blocos como o Me Abraça estão com 60% dos abadás esgotados para Durval Lelys e 70% para Bell Marques. O Camaleão com Bell já vendeu 90%. O Largadinho, puxado por Claudia Leitte, quadruplic­ou as vendas, enquanto o Blow Out duplicou.

As coisas também estão engordando para os proprietár­ios do Grupo San Sebastian, que nesse Carnaval coloca quatro blocos na rua, além de uma festa fechada.

“Eu acho que a gestão pública está cada vez mais próxima do público, não só do folião, da pipoca, mas também dos empresário­s. O aumento das vendas é fruto de um trabalho bem feito”, elogia André Gagliano, à frente do grupo ao lado do também empresário José Augusto Vasconcelo­s.

Calendário festivo deve movimentar R$ 3,9 bilhões em Salvador

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Calendário começa com a Lavagem do Bonfim e só termina no Carnaval

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