Padilha: ‘Cristiane tem características de gestora’
a surpresa, a emoção que me dá. É o resgate, sabe? É um resgate. (O mensalão) já passou. Fico satisfeito”, disse o presidente do PTB.
Segundo o petebista, a sugestão saiu “da cabeça” de Temer e precisou ser referendada pelo líder do partido, Jovair Arantes (PTB-GO). Cristiane teve que abrir mão da campanha à reeleição. “O nome dela surgiu. Não foi uma indicação. Estávamos conversando eu, o presidente Temer e o ministro Padilha, e surgiu o nome da Cristiane Brasil. (O presidente) falou ‘Roberto, e a Cristiane? Por que não a Cristiane?’. Aí foi da cabeça do presidente. ‘Ela é uma menina experimentada, foi secretária municipal em vários governos na cidade do Rio’. Falei: presidente, aí o senhor me surpreende. Eu vou ter que consultar. Liguei para ela e ela disse ‘pai, eu aceito’”, relatou Jefferson.
POSSE
A nomeação de Cristiane Brasil deve sair no Diário Oficial da União (DOU) de hoje. A posse será na próxima semana. Jefferson já havia tentado emplacar a filha como ministra, mas ela foi preterida na Cultura por Sérgio Sá Leitão. Cristiane foi indicada pelo PTB depois de Temer barrar o deputado Pedro Fernandes (PTB-MA), aliado do governador Flávio Dino (PCdoB-MA). Segundo Jefferson, o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) cobrou de Temer que ele vetasse o nome de Fernandes, o que Sarney nega.
Cristiane Brasil, de 44 anos, entrou no mundo político ao ganhar um cargo comissionado na Eletronuclear, empresa de controle estatal responsável por administrar as usinas nucleares brasileiras. Sua contratação, em 2001, ocorrida na gestão do então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e mantida durante pouco mais de três meses pelo sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), é atribuída à influência de Jefferson nesses governos.
Em outubro de 2004, Cristiane disputou sua primeira eleição e se tornou vereadora no Rio de Janeiro, função que exerceria mais outras duas vezes. Em 2014, ela se elegeu deputada federal pela primeira vez. Na Câmara, a parlamentar propôs um limite máximo de dois mandatos para presidente, governadores e prefeitos. O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, afirmou, ontem, que a escolha de Cristiane Brasil para o Ministério do Trabalho foi feita após uma avaliação técnica das qualidades da deputada federal. Padilha participou da reunião com o presidente Temer e com Roberto Jefferson.
Segundo ele, depois que o nome foi colocado na roda de discussão, Jefferson afirmou que teria que falar com o líder do PTB, Jovair Arantes, para selar a escolha e evitar novos desgastes, já que o nome do deputado federal Pedro Fernandes (PTB-MA) foi vetado.
Padilha disse que a filha de Jefferson tem “comprovadamente liderança, espírito de gestora e história política”.
Ainda segundo Padilha, os detalhes da posse da nova ministra ainda serão definidos. “Não marcamos, vou ver agora, mas não deve demorar”, afirmou.
Ao ser questionado sobre a mudança no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), com o pedido de demissão de Marcos Pereira (PRB), Padilha disse que o governo vai tratar uma coisa de cada vez. “Vamos com calma”, disse.
Ele negou que a saída de dois ministros em um intervalo pequeno de tempo possa antecipar a reforma ministerial e reiterou que aqueles que quiserem deixar o governo por conta das eleições devem fazer isso de forma paulatina.
O ministro da Casa Civil acrescentou que a tendência é que o MDIC permaneça na cota do PRB e que o governo pretende manter a mesma correlação de forças na base nos ministérios. “Para conseguir manter a base, tem que manter os partidos”, afirmou Eliseu Padilha. O ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Pereira (PRB), pediu demissão no início da tarde de ontem. Em carta entregue ao presidente Michel Temer, Pereira afirmou estar deixando a pasta para poder se dedicar a questões pessoais e partidárias.
Essa foi a terceira baixa no Ministério de Temer em um mês. No último dia 27, o deputado federal Ronaldo Nogueira (PTB) pediu demissão do cargo de ministro do Trabalho alegando querer se dedicar ao seu projeto eleitoral. A deputada federal Cristiane Brasil, filha de Roberto Jefferson, delator do mensalão, foi a escolhida para assumir a pasta no lugar de Nogueira.
No início de dezembro, Antonio Imbassahy (PSDB) se demitiu da Secretaria de Governo, um dia antes da convenção nacional tucana que referendou o governador Geraldo Alckmin na presidência do PSDB.
Marcos Pereira alegou para Michel Temer que precisava se “desincompatibilizar do governo para trabalhar a campanha para deputado federal”. Pela legislação, ele teria até o início de abril para se desligar do cargo de ministro.
No pedido de demissão, segundo fontes do Planalto, Pereira, que é bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus e um dos líderes do Partido Republicano Brasileiro (PRB), reiterou apoio ao governo, mas disse que tem que reestruturar o partido nacionalmente para as eleições de outubro próximo. Por isso, não conseguirá conciliar as ações com a gestão do ministério.
O Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) confirmou que o ministro Marcos Pereira entregou ao presidente Temer o seu pedido de exoneração do cargo “por razões pessoais”. Segundo a nota do MDIC, o secretário-executivo Marcos Jorge de Lima atuará como ministro interino “até uma definição do Palácio do Planalto” sobre o substituto.
O PRB ainda não indicou um substituto para Pereira, mas deve manter a vaga. Segundo fontes do Planalto, o ex-ministro teria rejeitado o convite de Michel Temer para permanecer no cargo até o fim do governo.