Correio da Bahia

Quase Memória virou filme de Ruy Guerra

-

Um dos maiores realizador­es do Cinema Novo, o diretor moçambican­o Ruy Guerra, 86 anos, adaptou o livro autobiográ­fico Quase Memória (1995), de Carlos Heitor Cony (1926-2018), para a telona. No romance, Cony, já maduro, recebe um pacote que ele tem certeza ser do seu pai, o modesto jornalista Ernesto, morto há dez anos. Sem abri-lo, encara o pacote o resto do dia e relembra episódios da vida com o pai, figura adorável e patética.

Já no longa-metragem exibido em festivais no país, mas ainda inédito no circuito comercial, Cony se transforma em dois personagen­s: Carlos Velho (Tony Ramos), com mais de 70 anos, e Carlos Jovem, lá pelos 40 anos (Charles Fricks), que se encontram no que Guerra chama de “bolha do tempo”. É o ponto de partida do roteiro para uma reflexão sobre o processo da memória. O ator baiano João Miguel e a atriz Mariana Ximenes também integram o elenco interpreta­ndo Ernesto e a mãe de Carlos Heitor Cony.

Para o crítico carioca Rodrifo Fonseca, a atuação de João Miguel é um dos pontos altos do filme: “Ele faz do personagem um Forrest Gump, capaz de interferir em episódios importante­s da evolução histórica brasileira com suas maluquices”.

Nas palavras de Ruy Guerra (Os Cafajestes/1962, Os Fuzis/1964), “Quase Memória é um livro magnífico que conta as aventuras de um pai que faz lembrar o meu. É o livro que eu gostaria de ter escrito sobre o meu pai. Só me restou aceitar a sabedoria do destino e cumprir a minha promessa de infância, de outro modo, sob outra forma, com um outro pai”.

Quase Memória ganhou dois prêmios Jabuti: melhor romance e livro do ano, tendo vendido mais de 400 mil exemplares. Em 2014, a editora Nova Fronteira reeditou o best-seller. Ao todo, Carlos Heitor Cony escreveu 17 romances.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil