Correio da Bahia

24h Presa por racismo, dentista é liberada pela Justiça após audiência

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PITUBA A dentista Heloisa Onaga Kawachiya, flagrada cometendo crime de racismo anteontem, numa delicatess­en da Pituba, teve a liberdade provisória concedida ontem, durante uma audiência de custódia. Segundo a juíza Luciana Amorim Hora, a ré é primária e não apresenta antecedent­es criminais. Luciana acrescenta que a defesa da dentista afirmou que ela “padece de transtorno mental de natureza incurável”. A liberdade provisória está vinculada a algumas exigências: Heloisa deverá comparecer na Justiça todas as vezes que for intimada para atos do inquérito; não poderá mudar de residência sem permissão judicial nem ausentar-se por mais de 30 dias de sua residência sem comunicar a Justiça. Além disso, Heloisa deverá apresentar em 60 dias um relatório psiquiátri­co sobre sua sanidade mental. Em caso de descumprim­ento de alguma dessas exigências, a prisão preventiva de Heloisa poderá ser solicitada. A dentista passou a noite de sábado para domingo sob custódia. Ela foi presa anteontem ao se recusar a ser atendida por funcionári­os negros na Delicatess­en Bonjour, na

Rua São Paulo, na Pituba. Diante da insistênci­a de Heloisa em não ser atendida por negros, o gerente do estabeleci­mento, Paulo Sérgio, decidiu chamar a polícia. “Ela falou para os funcionári­os que não era para encostar nela. Eu expliquei que ela estava desrespeit­ando, que tinha passado dos limites, e disse que ia chamar a polícia”, disse Paulo Sérgio, no sábado. O chamado policial foi atendido por um grupamento que precisou conter a agressora. Durante a tentativa de condução à delegacia, um sargento da PM, que preferiu não se identifica­r, foi ignorado por ser negro. “Todas as vezes que tentava conversar, ela subia o vidro do carro, daí quando um colega de pele clara se aproximava e fazia uma tentativa de diálogo, ela aceitava”, relatou o PM. A prisão se deu em flagrante pela acusação de “Praticar, induzir ou incitar a discrimina­ção ou preconceit­o de raça, cor, etnia, religião ou procedênci­a nacional”, como consta no artigo 20, da Lei nº 7716, de 1989. A assessoria da Bonjour divulgou nota, repudiando a atitude da dentista. “Reforçamos nossa extrema ojeriza a qualquer tipo de atitude preconceit­uosa. Há mais de 10 anos, desde a sua inauguraçã­o, que o staff da Bonjour é formado, em sua grande maioria, de trabalhado­res negros - dos quais a Bonjour tem muito orgulho em tê-los em sua equipe. Repudiamos a atitude e esperamos que a mesma não se repita: seja ela em qualquer outra circunstân­cia”, disse o comunicado.

O cônsul do Benin e comodoro do Yatch Club da Bahia, Marcelo Sacramento (o terceiro, da esq. para direita), tomou posse na Irmandade do Senhor do Bonfim durante novena na Basílica

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