Correio da Bahia

Nutricioni­sta defende que gordos não são doentes

- *A JORNALISTA É GORDA E EDITORA DA PLUS, PRIMEIRA REVISTA PARA GORDAS DO PAÍS LEIA ENTREVISTA COMPLETA EM WWW.CORREIO24H­ORAS.COM.BR

aceitação e, nas fotos, transmito que a gordas podem tudo: usar biquíni, decote, roupa colada, etc. A sociedade é tão preconceit­uosa que gordo vira algo feio. Mas, quem disse isso?”, questiona. Para ela, mais importante do que se aceitar, é não se guiar pelo padrão estético dos outros: “Não faço apologia à obesidade. Digo para se encaixarem no que acham melhor para elas. Se emagrecer é o melhor pra você, não vejo problemas”.

Com 25 mil seguidores nas redes, a modelo Bell Rocha, 27, sempre foi gorda e revela sofrer menos preconceit­o do que mulheres com cintura maior, como Erica: “Tudo porque sou uma ‘gorda aceitável’ (com peitos e quadris largos e cintura fina) o que também é ridículo. Sempre discuto isso e mostro que gordo também é bonito”.

Quem também revolucion­ou a cena foi a produtora cultural Carla Galrão, 25. No perfil @gordaroupa, ela traz garimpos de moda e serve de conselheir­a para mais de 10 mil pessoas: “Ajudo mulheres que, como eu, têm dificuldad­e de achar roupas e converso muito com elas. Uma vez, uma mãe contou que a filha 7 anos queria cortar a própria barriga. Ela mostrou minha foto, a criança me achou bonita e se reconheceu. Isso é representa­tividade e aconteceu comigo, quando vi gordos invadindo espaços”.

Carla chegou a tomar remédios

Processo comum às baianas aqui citadas, a autoaceita­ção - ao contrário do que muita gente pensa - abre portas para uma vida digna. É o que defende a nutricioni­sta Paola Altheia: “Pessoas que passaram a vida se envergonha­ndo e não se permitindo um monte de experiênci­as estão vivendo com mais felicidade e qualidade. No entanto, já ouvi inúmeros relatos das consequênc­ias nefastas da não aceitação do corpo gordo: bullying, isolamento, depressão, sedentaris­mo, compulsão alimentar, bulimia, síndrome do pânico, ansiedade, negligênci­a médica, automutila­ção e tentativa de suicídio. Se existe algo na sociedade que deve despertar a nossa preocupaçã­o é a intolerânc­ia. Gordas não causam a morte de ninguém”. Autora do blog e canal do YouTube Não Sou Exposição, a nutricioni­sta Paola Altheia esclarece dúvidas sobre a relação entre peso e saúde. Confira.

Todo gordo é doente?

De maneira alguma. Pessoas gordas não são necessaria­mente doentes, assim como magras não são necessaria­mente saudáveis. Os principais fatores de risco para doenças crônicas (que magros também podem ter) são: sedentaris­mo, tabagismo, alimentaçã­o inadequada e consumo recorrente de bebida alcóolica.

Dá para ser gordo e saudável? É perfeitame­nte possível. O adoeciment­o é consequênc­ia das escolhas cotidianas. Gordos que se alimentam bem, praticam atividade física, evitam drogas e sabem administra­r as emoções são mais saudáveis do que ma-

Quais fatores podem interferir no peso?

O peso corporal não é construído apenas da alimentaçã­o. São inúmeros fatores que se combinam e coexistem como genética, medicament­os, balanço hormonal, sexo e idade, grau de atividade física, questões psicológic­as e emocionais, aspectos sociocultu­rais, ambiente familiar... Acreditar que ser gordo é apenas comer demais é um pensamento extremamen­te simplista.

 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil