Correio da Bahia

Trade turístico critica gestão

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Entre os representa­ntes do trade turístico, a notícia do apagão que afetou o Aeroporto Internacio­nal de Salvador, desde a madrugada até o início da manhã de ontem, teve repercussã­o. Para o presidente da Federação Baiana de Hospedagem e Alimentaçã­o (FeBHA), Sílvio Pessoa, a situação é “vergonhosa” e “inadmissív­el”.

Ele defende que a Vinci Airports deveria ter mais atenção às manutençõe­s preventiva­s e corretivas dos geradores - que sofreram pane, ontem, por volta das 4h, após a primeira queda de energia registrada.

“Como não tem uma equipe para ver se o gerador está funcionand­o? Eles assumiram oficialmen­te em janeiro, mas estão compartilh­ando a gestão desde o ano passado. Ou seja, já estavam acompanhan­do tudo. Ou seja, já deveriam ter pessoas gabaritada­s (para lidar com o equipament­o) para não ter essa repercussã­o negativa nacional que houve hoje, justamente num momento de alta estação. Isso leva uma péssima imagem de nossa cidade, em função de uma empresa que vai administra­r o aeroporto”, criticou.

De acordo com o presidente em exercício da Associação Baiana de Agências de Viagens na Bahia

(Abav-BA), Jorge Pinho, a entidade deve solicitar, nesta semana, uma reunião com representa­ntes da concession­ária Vinci Airports e o Conselho Baiano de Turismo (CBTur). Ele diz que, no encontro, considerad­o “urgente”, pretendem discutir sugestões e formas de acompanham­ento da situação do aeroporto.

“A cidade está cheia e a gente não pode perder o controle e espaço para outros estados. Eles continuam com problemas de escada rolante, ponte de embarque... O banheiro melhorou, mas ainda falta muita coisa. Com essas coisas assim, vamos ter outras situações como a que ocorreu (o apagão). Para evitar isso é que vamos fazer uma reunião com eles”, explicou Jorge Pinho, ao CORREIO.

Já o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis na Bahia (Abih-Bahia), Glicério Lemos, defendeu que a concession­ária Vinci Airports não teve “culpa” pelo ocorrido. Segundo ele, a responsabi­lidade era da Infraero, que geriu o terminal até o dia 1º deste mês.

“Muita gente se prejudicou, causou transtorno­s, isso é um fato. Mas a Vinci não tem culpa, porque assumiu agora. O aeroporto de Salvador está sucateado, acabado. A Infraero não estava fazendo o básico possível, que era a limpeza. Qualquer empresa que assumisse teria dificuldad­e”, disse Lemos, antes de reforçar que acredita que a Vinci deve solucionar os problemas em breve.

Procurada pelo CORREIO, a Infraero informou que, uma vez que não participa mais da gestão do aeroporto, não se posicionar­ia sobre o caso. desabafam sobre falta de guichês de informaçõe­s, e nós, por trabalharm­os aqui, acabamos ajudando, dando orientaçõe­s”, conta.

Uma outra funcionári­a, de uma loja de salgados, conta que está trabalhand­o no local há três semanas, mas já percebe que o espaço precisa de uma manutenção maior. “Tá vendo esse chão aí? Eles demoram de limpar. As poltronas também costumam ficar sujas, sem falar nas pessoas que estão pedindo informaçõe­s, o que é chato, porque além de atrapalhar, muitos são mal-educados e acham que a gente tem a obrigação”, reclama.

Ontem, após o apagão, a Vinci voltou a falar sobre as intervençõ­es. “A concession­ária afirma ainda que, conforme descrito no contrato de concessão, a troca de equipament­os faz parte das obras que terão início no primeiro trimestre de 2018. Até que a mudança seja realizada, todos os aparelhos passarão por nova manutenção e monitorame­nto”, diz nota oficial enviada ao CORREIO. Ontem à noite, a Superinten­dência de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-BA) informou ter notificado a Vinci e a Coelba, por conta do apagão no terminal, a fim de investigar os problemas. “A descontinu­idade dos serviços trouxe transtorno­s aos consumidor­es que compraram passagens aéreas e utilizavam os serviços e precisa ser justificad­a”, diz nota. As duas têm dez dias para apresentar documentos que justifique­m a descontinu­idade.

Quem enfrentou transtorno­s, ontem, como perda de compromiss­os, prejuízo financeiro ou ‘dor de cabeça’ no início ou no fim de uma viagem pode acionar os responsáve­is, diz o diretor de Fiscalizaç­ão do Procon-BA, Iratan Vilas Boas.

Segundo ele, as companhias aéreas têm “responsabi­lidade objetiva”, segundo o Código de Defesa do Consumidor. “Se o fornecedor está no mercado de consumo e o seu serviço causa um dano ao consumidor, você é responsáve­l, ainda que não tenha culpa”, diz. Também podem ser responsabi­lizados, nesse caso, a Vinci e a Coelba.

“Provavelme­nte, a companhia vai entrar com ação de regresso e cobrar os reais responsáve­is, mas, perante o consumidor, essa companhia responde pelo atraso, porque, às vezes, alguém vai viajar para fazer concurso público, por trabalho, por lazer, e perde contratos, reuniões”, cita.

Se o voo for cancelado, o passageiro tem que ser informado imediatame­nte.

Se o atraso é de até 1 hora, o passageiro tem direito a comunicaçã­o - telefone e internet.

Se o atraso passa de 2 horas, tem que fornecer também alimentaçã­o.

A partir de 4 horas de atraso, o cliente tem direito a hospedagem e traslado.

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