Bloqueio de estradas e protestos de rua
Catarinense de Joaçaba, Victor Luis dos Santos Laus, 55 anos, é formado em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina. Foi promotor de Justiça antes de assumir o cargo de procurador da República, onde atuou por dez anos. Em 2002, assumiu a vaga de desembargador do TRF4 destinada ao Ministério Público Federal. No TRF4, Laus é conhecido como o mais calado e discreto da Corte, onde é admirado por integrar uma família de juristas renomados. O pai, Linésio Laus, foi advogado destacado em Balneário Camboriú. Até o golpe militar de 1924, atuava como superintendente Federal da Fronteira Sudoeste, através da cota pessoal do então presidente João Goulart. O bisavô materno de Victor Laus, Domingos
Pacheco d’Ávila, foi um dos fundadores do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, onde atuou como desembargador. O silencioso Laus também julga os casos da Operação Carne Fraca. Na véspera do julgamento do ex-presidente Lula, manifestações a favor e contra o petista eclodiram em diversas regiões do país. Na Bahia, militantes do Movimento dos Sem Terra (MST) bloquearam rodovias federais e estaduais no Oeste, Norte e Extremo-Sul baianos, interrompendo o tráfego em estradas de grande fluxo, como as BRs 101, 110, 242 e
235. Foram registrados atos também em cidades de Pernambuco.
Em Porto Alegre, palco do julgamento, Lula reuniu aliados em um ato de apoio a sua absolvição. Em tom duro, criticou o mercado, a imprensa, os adversários, o governo Michel Temer e fez um discurso de enfrentamento. A posição do ex-presidente vai ao encontro da estratégia do PT de intensificar o embate político caso sua condenação seja confirmada.
“Penso que eles estão destruindo e nós não estamos reagindo com a força que deveríamos”, disse Lula. “Toda vez que a gente fica com medo, os adversários crescem”, afirmou o ex-presidente, que viajou ontem para Porto Alegre em voo fretado e deveria voltar à noite a São Paulo para acompanhar o julgamento no Sindicato dos Metalúrgicos do de São Bernardo do Campo.
Durante ato promovido pelo PT e movimentos sociais, Lula focou sua fala em críticas ao governo Temer e lamentou os “desmontes feitos no país nos últimos meses”, citando as reformas trabalhista e da Previdência. No Rio de Janeiro, centenas de pessoas participaram de um ato contra Lula em Copacabana, ontem à noite, organizado pelo movimento Vem pra Rua.
Para evitar confrontos, as forças policiais iniciaram um forte esquema de segurança em Porto Alegre. Foram montados bloqueio nas vias de acesso ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região e intensificadas as rondas de rua. Não houve registro de confrontos entre manifestantes nos atos.